Demóstenes deixa liderança do DEM no Senado após denúncias

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) renunciou nesta terça-feira à liderança do Democratas no Senado. A decisão ocorre após denúncias, divulgadas na mídia, de que teria ligações com Carlos Augusto Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, acusado de chefiar uma quadrilha de exploração de jogos ilegais. Na curta carta de renúncia, Torres diz que quer "acompanhar a evolução dos fatos noticiados nos últimos dias" e, por isso, pede o "afastamento da liderança". Mais cedo, Demóstenes conversou com o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), e explicou mais longamente seus motivos para deixar o comando da bancada na Casa. Antes da conversa, Agripino tinha dito a jornalistas que a saída da liderança só deveria ocorrer se houvesse uma denúncia formal da Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas admitiu que a situação incomodava a legenda. "A situação do senador Demóstenes, por conta das dúvidas, é incômoda", disse Agripino. O partido e Torres têm conversado com outros senadores para evitar a abertura de um processo no Conselho de Ética do Senado para analisar se há quebra de decoro parlamentar, o que poderia inclusive resultar na cassação do mandato de Torres. O DEM reunirá sua bancada de cinco senadores nos próximos dias para indicar um novo líder no Senado, mas interinamente quem assume o comando da bancada é o vice-líder, senador Jayme Campos (DEM-MT). Agripino disse à Reuters que o partido ainda não analisa a possibilidade de expulsar Torres por conta das denúncias veiculadas na mídia. Segundo essas denúncias, nas interceptações feitas pela Polícia Federal, Torres teria pedido para Cachoeira pagar uma despesa dele com táxi-aéreo de 3 mil reais. E em outra gravação, o parlamentar do DEM teria revelado detalhes de reuniões reservadas que teve com autoridades do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Cachoeira está preso desde fevereiro. O inquérito da Operação Monte Carlo chegou ao procurador-geral, Roberto Gurgel, em 2009 por ter envolvimento de pessoas com foro privilegiado, entre eles Torres. Desde então, segundo a assessoria da PGR, foram pedidas mais informações e Gurgel analisa se apresenta ou não denúncia ao Supremo. Gurgel tem sido pressionado pelo Congresso a compartilhar as informações sobre o inquérito. Segundo sua assessoria, no entanto, ele não repassará as informações pedidas pelos parlamentares, porque apenas a Justiça pode determinar esse compartilhamento. Há temor no Congresso de que as investigações dessa Operação Monte Carlo atinjam um grande número de parlamentares. Demóstenes Torres foi procurador da Justiça antes de se eleger para o Senado e é um dos parlamentares mais combativos da oposição. Em seu site oficial, logo ao lado do seu nome, há um selo com os dizeres "CPI da Corrupção, eu assinei". (Por Jeferson Ribeiro; Edição de Maria Pia Palermo)

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.