Departamento de Estado investiga violação de dados

Informações dos passaportes de Obama, Clinton e McCain foram examinadas.

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Por Da BBC Brasil
Atualização:

O Departamento de Estado americano abriu nesta sexta-feira uma investigação sobre repetidas violações de arquivos com dados dos passaportes dos três candidatos à Casa Branca - o republicano John McCain e os pré-candidatos democratas Barack Obama e Hillary Clinton. O Departamento de Justiça irá monitorar o desenrolar da investigação. Uma investigação paralela será realizada pelo Comitê de Assuntos Externos da Câmara dos Representantes. Em uma violação das regras de sigilo do governo americano, funcionários temporários do Departamento de Estado examinaram indevidamente os arquivos relacionados a McCain e Obama, e um estagiário teve acesso aos dados do passaporte de Clinton. O Departamento de Estado estava investigando o acesso indevido de funcionários do arquivo de Obama quando descobriu que os dados de Clinton e McCain também tinham sido examinados sem autorização por funcionários. A secretária de Estado, Condoleezza Rice, já pediu desculpas aos três candidatos. Dois funcionários envolvidos no episódio foram demitidos, e um terceiro sofreu medidas disciplinares. "Perturbador" O senador Obama definiu o episódio como "profundamente perturbador" e pediu um inquérito sobre o caso no Congresso. "Quando você tem não apenas uma, mas uma série de tentativas de penetrar nos dados privados das pessoas, isso é um problema - que diz respeito não apenas a mim, mas sobre como o nosso governo está funcionando", disse o pré-candidato democrata. McCain disse que qualquer caso violação de informações privadas exige um pedido de desculpas e uma ampla investigação. O candidato republicano afirmou que são necessárias medidas para corrigir o ocorrido. A assessoria de Hillary Clinton informou que o gabinete da senadora irá monitorar de perto o desenrolar da investigação do Departamento de Estado. Em 1992, os dados do passaporte de seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, foram violados quando ele concorria à Presidência contra o atual líder americano, o republicano George W. Bush. "Motivações políticas" O episódio revelado nesta sexta-feira levantou suspeitas de que alguém estaria em busca de informações que pudessem prejudicar os candidatos presidenciais. No entanto, segundo a correspondente da BBC em Washington Kim Ghattas, o fato de os arquivos de todos os três candidatos terem sido examinados reduz a possibilidade de motivações políticas para a violação. Os arquivos de passaportes contêm dados como data e local de nascimento, registro de viagens ao exterior e o número de seguro social, que pode ser utilizado para obter históricos de crédito e outras informações pessoais. O Departamento de Estado informou que os funcionários envolvidos no episódio eram terceirizados e pertenciam a duas empresas, a Analysis Corporation e a Stanley. A Stanley é uma empresa de TI que recentemente ganhou um contrato de cinco anos no valor de mais de US$ 500 milhões (cerca de R$ 866 milhões) para emitir passaportes americanos. Segundo a correspondente da BBC, o fato de o Departamento de Estado ter demitido os funcionários envolvidos no episódio antes de ter tempo de interrogá-los causou estranheza. Na quinta-feira, ao revelar a violação dos dados do passaporte de Obama, o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, disse que era provável que o caso tivesse sido motivado por uma "curiosidade imprudente". No entanto, McCormack afirmou que ainda não estava claro o que exatamente os funcionários viram ou o que eles procuravam quando acessaram os dados. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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