O desemprego brasileiro aumentou em janeiro, passando de 5,3 por cento para 6,1 por cento, mas ainda assim foi a menor taxa para o primeiro mês do ano na história da pesquisa. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a alta no mês passado era esperada em razão de movimentos sazonais e não representa deterioração do mercado de trabalho. Em dezembro, a taxa havia sido a menor da série do IBGE iniciada em 2002. "É comum nessa época do ano as pessoas do comércio e indústria serem demitidas, o que força a taxa de desemprego", disse Cimar Pereira Azeredo, economista do IBGE, nesta quinta-feira. "Em relação a 2010, os números sao positivos e mostram que estamos no caminho certo no mercado de trabalho." A taxa de ocupação caiu 1,6 por cento, ou 370 mil pessoas, e a de desocupação subiu 13,7 por cento, o equivalente a mais 172 mil pessoas desempregadas e procurando trabalho. A indústria dispensou 141 mil pessoas e o comérico 125 mil trabalhadores de dezembro para janeiro, de acordo com o IBGE. "Tem gente que estuda ou não é chefe de família, que procura trabalho apenas temporaiamente no fim do ano", explicou Pereira Azeredo. Na comparação com janeiro de 2010, a ocupação cresceu 2,2 por cento, ou 474 mil pessoas empregadas, e a desocupação caiu 15,6 por cento, equivalente a 264 mil pessoas. O economista alertou que o poder de efetivação do mercado de trabalho entre dezembro e janeiro foi menor, uma vez que a população ocupada caiu 1,6 por cento enquanto que, na virada de 2009 para 2010, a ocupação caiu menos, em 1 por cento. "É cedo para fazer uma conjectura sobre isso. Precisamos de um trimestre mais ou menos para ter uma noção melhor de como o mercado vai reagir ao novo governo e ao aumento da inflação", avaliou o economista. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego teve uma alta generalizada e atingiu as seis regiões metropolitanas investigadas. Em São Paulo, área de maior peso na pesquisa, a taxa subiu de 5,3 para 6 por cento. Porto Alegre, apesar de subir de de 3 para 4,2 por cento, mantém o menor nível das regiões analisadas O emprego com carteira caiu 0,7 por cento entre um mês e outro em razão das dispensas na indústria, segmento considerado mais formal, mas na comparação com janeiro de 2010 a formalização cresceu 6,6 por cento. Na passagem de dezembro de 2009 para janeiro de 2010 o avanço tinha sido menor, de 3,5 por cento. "O movimento da formalização não foi prejudicado e a menor efetivação de trabalhadores ainda não preocupa. Isso mostra que o mercado ainda está bastante favorável", analisou Pereira Azeredo. RENDA O rendimento do trabalhador ocupado cresceu 0,5 por cento em janeiro ante dezembro e 5,3 por cento no confronto com janeiro de 2010. "Isso tem a ver também com a saída de trabalhadores temporários", avaliou o economista do IBGE. O salário no comércio, que costuma ser mais baixo, caiu 1,8 por cento entre dezembro e janeiro e na construção civil, encolheu 1,8 por cento. De acordo com o IBGE, os dissídios salariais acima da inflação também contribuíram para esse movimento de avanço na renda do trabalhador, que ficou na média em 1.538,30 reais em janeiro.