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Dia de relativa calma marca 60 anos de Israel

Apenas dois incidentes foram registrados; pára-quedista cai sobre multidão em Tel Aviv.

Por Rodrigo Durão Coelho
Atualização:

Israel viveu um dia relativamente calmo nas celebrações do 60º aniversário de sua fundação, nesta quinta-feira. Foram registrados apenas dois incidentes durante as comemorações. Na capital do país, Tel Aviv, um pára-quedista caiu sobre uma multidão que assistia a um show militar. Oito pessoas ficaram feridas, três delas em estado grave. No norte do país, várias pessoas ficaram feridas em confrontos ocorridos em uma marcha realizada por árabes israelenses. Não ocorreram ataques de militantes palestinos, ao contrário do que havia previsto o serviço secreto israelense dias antes. Protestos A segurança foi reforçada em Israel para as comemorações dos 60 anos. As fronteiras com os territórios palestinos, a Cisjordânia e Gaza, estão fechadas há dias. Foram realizadas manifestações de protesto nos territórios palestinos contra a criação de Israel. Em Belém, calcula-se que 500 pessoas protestaram pelo direito de retornar a suas casas. Em Gaza, foi descoberto nesta quinta-feira o corpo de uma mulher palestina morta em choques entre israelenses e palestinos durante uma operação militar de Israel realizada na quarta-feira, segundo médicos palestinos. Testemunhas dizem que a mulher, mãe de sete filhos, foi morta por munição vinda de um tanque. Militares israelenses não comentaram o caso, dizendo apenas que uma operação visava militantes palestinos. Poderio bélico As celebrações israelenses tiveram início na noite de quarta-feira, quando terminou um período de 24 horas decretado para lembrar os soldados que morreram defendendo o país. Foram realizadas grandes festas nas ruas de Jerusalém, Haifa e Tel Aviv, com a presença de músicos e fogos de artifício. Na capital do país, as Forças Armadas mostraram parte de seu arsenal, como submarinos e caças supersônicos, arrancando aplausos das milhares de pessoas que atenderam ao evento. Desde sua fundação, o país já enfrentou pelo menos seis guerras com países vizinhos, além de conflitos constantes com militantes palestinos. "Nossa batalha tem sido longa. No entanto, é paz e não a guerra o que queremos", disse o primeiro-ministro Ehud Olmert na quarta-feira. A existência de Israel como nação depende, diz ele, de sua "vontade e habilidade" de se defender. Mas Olmert disse que há também "um desejo de assumir compromissos". Problemas O Estado de Israel foi proclamado no dia 14 de maio de 1948, segundo o calendário gregoriano. Mas, segundo o calendário lunar judaico, os 60 anos são completados nesta quinta-feira. O país foi fundado três anos depois do final da Segunda Guerra Mundial, na qual milhões de judeus foram exterminados, e seis meses após a ONU ter aprovado a partilha do território que era conhecido como Palestina entre o povo judeu e árabe. No conflito que se seguiu, calcula-se que 700 mil palestinos deixaram a região, tornando-se refugiados. O número atual de refugiados palestinos é calculado em mais de 4 milhões. O direito ao retorno é uma das exigências dos palestinos para a resolução do conflito com os israelenses. A criação do Estado israelense é conhecida como Nakba (tragédia) pelos palestinos e deve ser marcada por protestos e manifestações em territórios palestinos na próxima semana. Árabes israelenses (que se encontravam em Israel quando da fundação em 1948 e se tornaram cidadãos do país) hoje representam 20% da população. Grande parte deles afirma que se recusa a celebrar o aniversário israelense, em solidariedade com os palestinos. Pesquisas de opinião pública sugerem que os israelenses, por sua vez, tem uma percepção cada vez mais negativa dos árabes israelenses. Israel aguarda, na próxima semana, a visita do presidente americano George W. Bush, que depois seguirá para a Arábia Saudita e o Egito, onde deve se encontrar com o presidente palestino Mahmoud Abbas. Já confirmaram presença também para uma conferência em Israel na semana que vem o ex-premiê britânico Tony Blair, o ex-líder soviético Mikhail Gorbachev, além do prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel, do ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger e do magnata Rupert Murdoch. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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