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Dinheiro recebido por petista Paulo Rocha era lícito, diz defesa no STF

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Por Redação
Atualização:

Por Hugo Bachega

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BRASÍLIA, 14 Ago - A defesa do ex-deputado federal Paulo Rocha (PT-PA) disse nesta terça-feira, durante julgamento do chamado mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), que o dinheiro recebido pelo réu tinha origem legal, e que os recursos seriam para o pagamento de dívidas de campanha.

Paulo Rocha teria recebido 820 mil reais do publicitário Marcos Valério por meio do Banco Rural, segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF).

A principal intermediária teria sido sua então secretária, Anita Leocádia, que recebeu 200 mil reais de Valério, apontado como o principal operador do suposto esquema. Rocha e Anita são acusados de lavagem de dinheiro.

O ex-deputado teria procurado o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, para pagar dívidas de campanha, segundo a defesa. Delúbio teria dito que "empréstimos bancários" estavam sendo fechados para saldar as pendências.

Segundo o advogado de Rocha, o petista desconhecia a origem do dinheiro e, mesmo que fosse ilícita, já teria chegado ao petista de forma legal, passando pelo sistema financeiro.

"Ele já chegou limpo ao diretório do PT", disse o advogado João dos Santos Gomes Filho na nona sessão de julgamento do caso.

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O advogado rebateu a denúncia de lavagem de dinheiro contra Rocha já que, segundo ele, haveria a necessidade de um crime antecedente para que o petista fosse enquadrado nesta acusação.

Ele disse ainda que o réu não foi citado como integrante de nenhum dos grupos que formariam o suposto esquema, segundo a denúncia.

"Se a intenção fosse efetivamente distanciar a ilicitude originária... por que cargas d'água a cidadã vai ao banco, faz depósitos e se identifica", disse Gomes Filho, ao justificar como uma atividade "cotidiana" os saques e depósitos feitos por Anita a pedido de Rocha.

CAIXA DOIS: "RECORRENTE"

A defesa disse ainda que os recursos foram caixa dois de campanha para o pagamento de dívidas eleitorais, usando uma justificativa semelhante à feita por outros acusados de participarem do suposto esquema.

"Me parece recorrente no sistema eleitoral brasileiro o uso de caixa dois", disse Gomes Filho.

Já a defesa de Anita disse que ela só cumpriu ordens do seu então chefe e que os valores recebidos foram para o pagamento de contas de campanha. Disse ainda não haver nenhuma razão para ela constar entre os acusados.

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"Não houve dolo de lavar dinheiro. Ela não sabia. Houve ausência de conhecimento de praticar qualquer crime", disse o advogado Luís Maximiliano Mota.

O chamado mensalão seria um suposto esquema de desvio de recursos e compra de apoio ao governo da base aliada no Congresso. O caso veio à tona em 2005 e provocou a pior crise política do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O julgamento no STF foi iniciado no dia 2 de agosto e não há previsão para o término, já que os ministros poderão levar quantas sessões necessitarem para a leitura de seus votos.

A fase de sustentações das defesas dos réus se encerrará na quarta-feira, com as apresentações dos últimos três réus.

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