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Direção da Pastoral dá continuidade a trabalho de Zilda

Por JULIO CESAR LIMA
Atualização:

A morte da sanitarista e pediatra Zilda Arns, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, não deve alterar o trabalho que está sendo realizado pela entidade em todos os 4 mil municípios brasileiros e nos 22 países em que está instalada. A coordenação deve ser executada por Dom Aldo Pagotto, Arcebispo Metropolitano da Paraíba; Ana Ruth Góis (BA) e Silvio Santana (DF) e terá no comando executivo Vera Lúcia Altoé. Em entrevista coletiva realizada hoje na sede da entidade, na capital paranaense, Nelson Arns Neumann, filho de Zilda e coordenador-adjunto da Pastoral, disse que sua mãe preparava os seus sucessores há algum tempo, quando se afastou da coordenação para assumir o trabalho de montagem da Pastoral da Pessoa Idosa. "Todo o conceito da Pastoral, o trabalho e a sua missão serão muito bem executados por essas pessoas, além dos agentes, dos voluntários, de todos que levaram adiante a filosofia de minha mãe, de trabalhar a vida e amar as pessoas", afirmou.Antes disso, porém, a direção da Pastoral deve acompanhar os trâmites para o translado do corpo de Zilda Arns, que foi localizado em Porto Príncipe, capital haitiana, mas depende das condições de transportes para que volte ao Brasil. "Em um momento que todo o mundo está ajudando e o aeroporto está a serviço de missões humanitárias, não podemos parar com esse processo para exigir alguma coisa. Isso gera uma expectativa, mas vamos esperar com calma", avaliou. Apesar de não ter a confirmação da data de chegada, Nelson afirmou que sua mãe terá seu corpo velado na sede da entidade, em Curitiba, e será enterrada no Cemitério da Água Verde, ao lado de seu marido, Aloysio, e uma filha. "Dependemos agora do governo federal", disse.Durante a coletiva, Nelson lembrou a dedicação de sua mãe à Pastoral. "Ela teve uma filha que morreu em seguida, com alguns dias de vida, por causa de complicações do parto. Creio que essa situação fez com que ela, ao conhecer a dor da perda de um filho, lutasse a vida inteira para evitar que outras mães passassem por isso. No final, ela morreu cumprindo sua missão, fazendo o que mais gostava", disse.A morte de Zilda Arns causou comoção em todo o estado. O governador Roberto Requião decretou luto oficial no Paraná por três dias e disse que recentemente esteve com Zilda Arns na inauguração do Hospital do Idoso. "Ela sempre inspirou as pessoas a trabalharem por meio das suas boas ações", disse o governador, que sugeriu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o lançamento da candidatura - póstuma - de Zilda Arns ao Prêmio Nobel da Paz, caso seja possível.Durante a tarde, o site da Pastoral da Criança disponibilizou o discurso (em espanhol) que seria proferido por Zilda Arns, durante a reunião com 150 pessoas que seriam responsáveis pela implantação da Pastoral no Haiti, no momento do desabamento. Em 2001, a implantação da Pastoral no país havia sido interrompida devido a série de revoltas ocorridas no período.

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