
28 de fevereiro de 2012 | 20h39
Os distúrbios na Síria, em curso há quase um ano, já deixaram mais de 7,5 mil mortos, segundo cálculos da ONU apresentados nesta terça-feira.
O subsecretário-geral para temas políticos, Lynn Pascoe, disse que há "relatos críveis" de que a taxa de civis mortos muitas vezes passou das 100 por dia - incluindo mulheres e crianças -, nos atos de repressão estatal aos opositores ao regime de Bashar al-Assad.
Em uma reunião emergencial do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, a alta comissária da entidade, Navi Pillay, disse que "atrocidades contra civis" estão sendo cometidas na Síria e pediu um cessar-fogo.
O comentário fez com que o representante da Síria no órgão, Faysal Khabbaz Hamoui, deixasse o plenário, acusando os países presentes de "incitar o sectarismo e prover armas" aos opositores do regime e criticando as sanções econômicas impostas à Síria.
A sessão emergencial discutiu um relatório confidencial, feito por um grupo de especialistas, que lista autoridades sírias e membros do Exército que poderiam ser investigados por supostos crimes contra a humanidade.
O chanceler francês, Alain Juppé, instou os 47 países do conselho a estarem prontos para submeter uma queixa contra a Síria no Tribunal Penal Internacional.
Mas é improvável que o encontro na ONU promova mudanças efetivas no modus operandi do governo sírio, informa o correspondente da BBC em Beirute, Jim Muir. Mas é provável que coloque pressão sobre Rússia e China, países que vetaram resoluções contra Damasco na ONU.
Homs
Enquanto isso, a ofensiva das tropas de Assad prosseguiu nesta terça na cidade sitiada de Homs e em outras partes do país, segundo ativistas.
Há relatos de que Homs tenha sofrido os mais pesados bombardeios desde o início do confronto e de que o governo tenha mandado uma tropa de elite armada para distritos onde os rebeldes se concentram.
Ativistas dizem que mais de 65 pessoas morreram nesta terça, mas é praticamente impossível verificar o dado de maneira independente, por causa da restrição ao trabalho jornalístico na Síria.
Jornalistas
Também nesta terça, um jornalista britânico ferido em Homs foi resgatado. O fotógrafo Paul Conroy, do jornal Sunday Times, está, segundo relatos, em segurança no Líbano. No entanto, é desconhecido o paradeiro da jornalista francesa Edith Bouvier, também ferida em um ataque à cidade síria na semana passada, e de dois colegas dela (o espanhol Javier Espinosa e o francês William Daniels).
Os quatro jornalistas deixaram Homs ao mesmo tempo, mas seu comboio foi alvejado e os veículos que os levavam tiveram de se separar, disse um grupo ativista que ajudou a coordenar tentativa de fuga.
O grupo informou que alguns ativistas sírios morreram na operação.
Tampouco se sabe o paradeiro dos corpos dos jornalistas ocidentais Marie Colvin e Remi Ochlik, mortos em Homs no mesmo ataque da semana passada. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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