Do pomar direto para o consumidor

Iniciativa em Pilar do Sul (SP) comercializa produção de frutas na propriedade para agregar valor à produção

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Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
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Pêssegos, maçãs, ameixas e cachos de uvas, colhidos maduros, no auge do sabor, e entregues diretamente para o consumidor, prontos para serem degustados. Essa é a proposta da Associação Paulista de Produtores de Caqui (APPC), com sede em Pilar do Sul, na região de Sorocaba (SP), para agregar valor à produção e, ao mesmo tempo, resgatar o prestígio da fruticultura de mesa do Estado de São Paulo. A prática de colher a fruta verde para facilitar o transporte e prolongar o período de comercialização, comum entre os produtores, tem resultado na perda de sabor e de qualidade, como explica o engenheiro agrônomo da APPC, Sérgio Massunaga. "As frutas colhidas muito verdes não atingem o tamanho, a coloração e o teor de açúcar ideais e acabam desagradando o consumidor." Ameixas e algumas variedades de uva, como a itália, perderam mercado por esse motivo, segundo ele. O plano dos produtores da região de Pilar do Sul é deixar a fruta no pomar até o ponto de consumo. "Vamos retardar a colheita para que a fruta adquira o tamanho e pegue a cor de madura no pé. Só então fazemos o trabalho de pós-colheita e embalagem." Como a região fica próxima de centros de consumo como Sorocaba, Campinas e São Paulo, é possível transportar a fruta madura até alguns pontos de distribuição. Mas a principal aposta dos associados da APPC é na venda direta na propriedade. A ideia é levar consumidores em potencial até o pomar para que conheçam os sistemas de produção e depois reuni-los em um showroom para degustação das frutas e comercialização. "Será um modelo de turismo rural semelhante ao japonês, mas sem o sistema colha e pague, pois vamos vender as frutas já embaladas", contou o agrônomo. VISITA PILOTO O primeiro teste deu bons resultados. No último dia 20, duas agências de turismo da capital paulista levaram a Pilar do Sul, em dois ônibus, cerca de 90 consumidores de frutas. Divididos em grupos, eles visitaram pomares de ameixa, pêssego, maçã e uva japonesa - frutas que estão em colheita nesta época - e participaram de uma sessão de degustação. No retorno, os bagageiros estavam repletos de caixas de frutas. "Foi além da nossa expectativa", comemorou Massunaga. A professora Júlia Takeda, moradora da Vila Mariana, ficou entusiasmada com a maçã da variedade eva. "É muito doce e cheirosa. Não imaginava que pudessem produzir maçãs tão perto de São Paulo." Ela estava acompanhada da mãe, Matie, de 84 anos, e da filha Luiza, de 3. No pomar, não resistiram: colheram e degustaram as frutas. A diarista Wilma Martins, moradora do Bosque da Saúde, encantou-se com as ameixas da variedade rubi. "São doces como mel e muito suculentas." O funcionário público Laerte Farias, do bairro da Liberdade, elogiou a qualidade dos pêssegos da variedade chilipá. "A polpa é tenra e o caroço solta, facilitando as mordidas."

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