Dólar baixo faz mineiro trocar EUA pela Europa

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

A desvalorização do dólar, antes mesmo do estouro da crise financeira internacional no ano passado, está levando os mineiros do médio Vale do Rio Doce a emigrar para a Europa em vez dos Estados Unidos. Portugal, pela facilidade da língua, é o país mais procurado. O movimento, porém, está longe da febre que começou a levar moradores de 25 cidades da região para a América desde a década de 1960. De acordo com pesquisas da Universidade do Vale do Rio Doce (Univale), houve três ondas de emigração para os Estados Unidos. Os primeiros valadarenses embarcam nos anos 1960. O maior volume de emigração, no entanto, foi registrado na década 1980. Foram esses que conseguiram, de fato, investir na cidade. Bairros inteiros, como JK e Vila Rica, foram erguidos graças às remessas desses emigrantes. A maior parte deles, quase 40%, conseguia investir entre US$ 500 e US$ 1 mil por mês. Nessa época, as remessas enviadas do exterior chegaram a somar valor equivalente ao orçamento anual do município, em torno de R$ 250 milhões. A terceira onda migratória ocorreu no início desta década. A realidade, porém, já não era a mesma. Poucos conseguiram fazer poupança, mesmo trabalhando de 14 a 16 horas por dia. Com dólar baixo, a renda nos Estados Unidos já não era suficiente para sobreviver por lá e ainda investir no Brasil. A maior parte dos mineiros que voltaram no último ano está nesse grupo dos emigrantes recentes. Eles trabalharam muito, mas não conseguiram juntar dinheiro para abrir um negócio próprio e agora vão precisar disputar uma vaga no mercado de trabalho. "Ainda não sei como será a vida no Brasil, quero conseguir fazer faculdade, mas lá, nos Estados Unidos, eu estava vivendo à margem da sociedade", diz Karinne Puppo, de 35 anos. "A gente trabalha só para sobreviver, para pagar as contas, como no Brasil." Fazendo faxina, ela conseguia faturar US$ 400 por semana. Mas diz que o dinheiro não era suficiente por causa do custo de vida. Se é para viver tão apertada quanto nos Estados Unidos, avalia Karinne, melhor viver em Valadares, perto da família e dos amigos, com vista para o Pico do Ibituruna, seu lugar preferido no mundo. Ela voltou há três meses. Da Flórida, só trouxe muambas para vender às amigas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.