Droga ativa mecanismo natural que reverte efeito do envelhecimento

Estudo com ratos mostra como as ampaquinas aumentam a produção de uma proteína cerebral para combater os danos à memória

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Por Agencia Estado
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Um medicamento feito para melhorar a memória parece ativar um mecanismo natural no cérebro que reverte completamente a perda de memória relacionada à idade, mesmo depois de ter saído do corpo, de acordo com pesquisadores da Universidade da Califórnia em Irvine. Os professores Christine Gall e Gary Lynch, junto com a pesquisadora Julie Lauterborn, estavam entre um grupo de cientistas que conduziu estudos em ratos com uma classe de medicamentos conhecidos como ampaquinas. As ampaquinas foram desenvolvidas no começo dos anos 90 por pesquisadores da UC, incluindo Lynch, para tratar a deterioração da memória relacionada ao envelhecimento, e podem ser úteis para o tratamento de uma série de distúrbios no sistema nervoso central, como o mal de Alzheimer e a esquizofrenia. Neste estudo, os pesquisadores mostraram que as ampaquinas continuam a reverter os efeitos do envelhecimento, em um mecanismo cerebral que, acredita-se, constitui a base para o aprendizado e a memória, mesmo depois de terem deixado o corpo. Elas o fazem aumentando a produção de uma proteína natural no cérebro, necessária para a formação da memória de longo prazo. O estudo está na edição de agosto da Journal of Neurophysiology. "Essa é uma descoberta significativa", disse Gall, professora de anatomia e neurobiologia. "Nossos resultados indicam a empolgante possibilidade de que as ampaquinas poderiam ser usadas para tratar a perda da memória e do aprendizado associada ao envelhecimento comum". Os cientistas descobriram em testes com ratos que aqueles tratados com ampaquinas apresentaram um aumento significativo na produção do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), uma proteína conhecida por ter um papel essencial na formação da memória. Eles também encontraram um aumento na potenciação de longa duração (LTP), o processo pelo qual a conexão entre as células do cérebro melhora e a memória é codificada. Essa melhoria é responsável pela função cognitiva a longo prazo, maior aprendizado e pela habilidade de raciocínio. Com a idade, surgem deficiências na LTP, e a perda do poder de aprendizado e da memória acontece. O retorno da LTP foi visto no cérebro de ratos de meia idade mesmo depois que as ampaquinas já haviam saído do corpo dos animais. A meia-vida do medicamento injetado era de apenas 15 minutos; o aumento na LTP foi visto nos cérebros dos ratos mais de 18 horas depois. De acordo com os pesquisadores, esse estudo sugere que produtos farmacêuticos com base nas ampaquinas podem ser desenvolvidos para que não seja necessário que estejam no corpo para serem eficazes. A maioria dos medicamentos utilizados para lidar com distúrbios no sistema nervoso central, como o mal de Parkinson, são eficazes apenas enquanto estão no corpo. A presença duradoura da LPT também parece contribuir para a permanência do BNDF no corpo, de acordo com os pesquisadores. "As ampaquinas funcionam de duas maneiras importantes para melhorar o aprendizado e a memória", disse Lauterborn. "Elas estimulam diretamente a conexão entre as células nervosas, que possuem efeito imediato no aumento da LTP. Mas elas também aumentam a presença dessa importante proteína, a BDNF, que pode ficar no corpo e continuar melhorando a memória mesmo depois de a droga deixar o corpo"

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