Efeito estufa: negociação de metas fica para depois de 2008

O temor dos países em desenvolvimento, de se comprometerem com metas de cortes na poluição, foi um dos principais entraves da reunião sobre efeito estufa

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A conferência das Nações Unidas sobre a mudança climática terminou nesta sexta-feira, 17, com um acordo para um cronograma lento de negociação de cortes futuros na emissão de gases do efeito estufa, refletindo a esperança de que Estados Unidos, China e outros grandes poluidores venham a aderir ao regime de controles obrigatórios. Delegados das 165 nações que tomam parte no Protocolo de Kyoto, que expira em 2012, aprovaram uma programação de negociações que tem pouca chance de gerar um acordo para o futuro do regime de emissões de gases do efeito estufa antes de 2009. A informação de que um acordo para as metas de corte de emissões sairia até 2008, divulgada no início da tarde pela Associated Press, não se confirmou. Os países realizarão uma revisão do Protocolo de Kyoto, que já exige que as nações industrializadas reduzam suas emissões. Organizações ambientalistas temem que uma demora na revisão - e, por conseguinte, na elaboração das regras que vigorarão de 2012 em diante - venha a solapar o esforço já realizado. O temor dos países em desenvolvimento, de se comprometerem com metas de cortes na poluição, foi um dos principais entraves da reunião, que se realiza em Nairóbi, Quênia. O Brasil chegou a receber, na semana passada, o prêmio "Fóssil do Dia", oferecido por ONGs às nações que mais atuam para atrapalhar as negociações. Mas os campeões do "Fóssil do Dia" foram, ao final, Austrália, Canadá e Arábia Saudita. A conferência aprovou que o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que atualmente possui apenas nove de seus 400 projetos na África, seja mais equilibrado geograficamente. O MDL permite que os países em desenvolvimento vendam cotas de emissão de gases do efeito estufa a nações ricas. Também foram estipuladas as regras do Fundo de Adaptação, ferramenta prevista no Protocolo de Kyoto para o financiamento de projetos que ajudem os países mais pobres a adaptar-se às conseqüências da mudança climática, como inundações e secas. No entanto, a implementação ainda deve levar mais um ano, até que se aperfeiçoe o sistema e os critérios que devem reunir os projetos a serem financiados. A falta de avanços mais substanciais em Nairóbi frustrou algumas expectativas. A ambientalista queniana Sharon Looremetta referiu-se à reunião como um fracasso. "A maior parte das questões importante acabou engavetada", disse ela. Seu povo, os nômades massai, já foi prejudicado pelas secas causadas pelo aquecimento global, disse ela. "Não andamos de carros 4x4, não pegamos avião nas férias, mas sofremos com a mudança climática", afirmou. Ampliada, corrigida e atualizada às 18h59

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.