Em 22 anos, só 10 oficiais foram expulsos da PM

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Por Pedro Dantas e RIO
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A punição para o capitão da Polícia Militar acusado de omissão de socorro no latrocínio de Evandro João da Silva, coordenador do AfroReggae, pode levar anos. A comprovação das demais suspeitas, como receptação e liberação dos assassinos, também exigirá esforço da perícia do Centro de Criminalística da Polícia Militar. A avaliação é do ex-corregedor da Polícia Militar, coronel Paulo Ricardo Paúl.Segundo ele, desde 1987, apenas dez oficiais foram excluídos da corporação. "O processo de expulsão dos oficiais demora anos. Caso opte pela punição, o Conselho de Justificação da PM vota se o oficial deve ser excluído, reformado ou reintegrado. Em caso de exclusão, a punição é enviada para o secretário de Segurança Pública. Se o secretário mantiver o expurgo, o caso vai para o Tribunal de Justiça do Estado e ainda caberá recurso", revelou Paúl. Em sua gestão na Corregedoria, a partir de março de 2005, ele excluiu mais de 500 praças e enviou "dezenas de oficiais" para o Conselho de Justificação, mas os processos contra os oficiais não foram concluídos antes de Paúl deixar o cargo, em janeiro de 2008. As expulsões de soldados, cabos e sargentos são rápidas e aos borbotões. A cada dois dias, um é expurgado da corporação. Foram 1.716 policiais excluídos entre 1999 e 2009, segundo a Corregedoria da PM.PROVAS FRÁGEISO ex-corregedor diz que o caso do coordenador do AfroReggae causou comoção, mas ressalta que as provas contra os policiais são frágeis. Nos depoimentos, o capitão Dennys Leonard Nogueira Bizarro, sentado no banco do carona, disse não ter visto Evandro. O cabo Marcos de Oliveira Sales, que dirigia o carro e passou ao lado do corpo, também alegou não ter visto a vítima. Os dois disseram que após a liberação dos dois suspeitos - agora identificados e presos - jogaram a jaqueta e o par de tênis roubados em uma lixeira."É muito grave colocar os pertences na viatura e não apresentar na delegacia, mas essa é a única infração clara no vídeo", avaliou Paúl. Ele aponta que apenas uma perícia pode provar que eles viram a vítima."Eles podem ter confundido com um morador de rua, pois essa população é numerosa no centro do Rio. A velocidade da viatura e os horários das câmeras podem definir ainda se eles ouviram ou não o tiro antes da ocorrência. Até o momento, a defesa deles pode ser sustentada", afirmou o ex-corregedor.

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