
31 de janeiro de 2012 | 15h12
A morte na semana passada do dissidente Wilman Villar, que estava em greve de fome em um presídio cubano, colocou pressão sobre Dilma para levantar publicamente a questão da defesa dos direitos humanos durante sua visita à ilha.
"Quem atira a primeira pedra tem telhado de vidro. Nós no Brasil temos o nosso. Então eu concordo em falar de direitos humanos dentro de uma perspectiva multilateral", disse a presidente a jornalistas.
"Nós não podemos achar que direitos humanos é uma pedra que você joga só de um lado para o outro, ela serve para nós também", acrescentou Dilma, que esteve presa e foi torturada durante o regime militar (1964-1985).
Dilma chegou a Cuba na segunda-feira para uma visita de dois dias. A jornada inclui reunião com o presidente cubano, Raúl Castro, mas um encontro com o ex-líder cubano Fidel não foi confirmado por seus assessores.
O foco da visita da presidente é o comércio bilateral, e novos acordos comerciais com a ilha devem ser assinados. Ela visitará ainda o porto de Mariel, perto de Havana, onde o Brasil ajuda a financiar uma reestruturação de 800 milhões de dólares.
Apesar de tentar manter a questão de direitos humanos longe da agenda de Dilma, o governo brasileiro colocou as autoridades comunistas da ilha em uma posição delicada na semana passada, ao conceder à blogueira cubana dissidente Yoani Sánchez um visto de turista para que ela visite o Brasil.
Sánchez, uma das vozes mais críticas da blogosfera de Cuba, já recebeu antes outros vistos para viajar ao exterior, mas não obteve a permissão de saída que os cubanos precisam para entrar em um avião.
Questionada sobre as intenções da blogueira, que planeja vir ao Brasil em fevereiro para a estreia de um documentário sobre Cuba, Dilma disse que os procedimentos estão à cargo do governo cubano.
"O Brasil deu seu visto para a blogueira. Agora os demais passos não são da competência do governo brasileiro", disse Dilma.
Na quarta-feira, a presidente viajará ao Haiti, onde tropas brasileiras lideram a força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no país desde 2004.
(Por Hugo Bachega, em Brasília)
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