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Em Cuba, Dilma diz que direitos humanos são questão multilateral

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Por Redação
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A presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira, em Havana, que a questão dos direitos humanos deve ser discutida de maneira multilateral, e que o tema não deve ser usado para criticar apenas alguns países, como Cuba, cujo regime é acusado por dissidentes de violações. A morte na semana passada do dissidente Wilman Villar, que estava em greve de fome em um presídio cubano, colocou pressão sobre Dilma para levantar publicamente a questão da defesa dos direitos humanos durante sua visita à ilha. "Quem atira a primeira pedra tem telhado de vidro. Nós no Brasil temos o nosso. Então eu concordo em falar de direitos humanos dentro de uma perspectiva multilateral", disse a presidente a jornalistas. "Nós não podemos achar que direitos humanos é uma pedra que você joga só de um lado para o outro, ela serve para nós também", acrescentou Dilma, que esteve presa e foi torturada durante o regime militar (1964-1985). Dilma chegou a Cuba na segunda-feira para uma visita de dois dias. A jornada inclui reunião com o presidente cubano, Raúl Castro, mas um encontro com o ex-líder cubano Fidel não foi confirmado por seus assessores. O foco da visita da presidente é o comércio bilateral, e novos acordos comerciais com a ilha devem ser assinados. Ela visitará ainda o porto de Mariel, perto de Havana, onde o Brasil ajuda a financiar uma reestruturação de 800 milhões de dólares. Apesar de tentar manter a questão de direitos humanos longe da agenda de Dilma, o governo brasileiro colocou as autoridades comunistas da ilha em uma posição delicada na semana passada, ao conceder à blogueira cubana dissidente Yoani Sánchez um visto de turista para que ela visite o Brasil. Sánchez, uma das vozes mais críticas da blogosfera de Cuba, já recebeu antes outros vistos para viajar ao exterior, mas não obteve a permissão de saída que os cubanos precisam para entrar em um avião. Questionada sobre as intenções da blogueira, que planeja vir ao Brasil em fevereiro para a estreia de um documentário sobre Cuba, Dilma disse que os procedimentos estão à cargo do governo cubano. "O Brasil deu seu visto para a blogueira. Agora os demais passos não são da competência do governo brasileiro", disse Dilma. Na quarta-feira, a presidente viajará ao Haiti, onde tropas brasileiras lideram a força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no país desde 2004. (Por Hugo Bachega, em Brasília)

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