Em debate de política externa, Obama e Romney se voltam para economia

Obama foi elogiado por seu desempenho no 2º confronto e manteve-se agressivo no último duelo

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Por Redação
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Após dois debates agressivos, que ajudaram a dar novos rumos à disputa pela Casa Branca, o encontro final entre Obama e Romney, em uma universidade de Boca Raton, na Flórida, apresentou dois candidatos com poucas diferenças reais a respeito da política externa. Mas eles se desviaram da pauta do debate para reprisar os frequentes duelos em torno de orçamento público, tamanho das classes nas escolas, resgate federal do setor automobilístico e incentivos tributários a pequenas empresas. Romney não esteve tão agressivo quanto no debate inaugural, em 3 de outubro, quando a boa atuação do republicano marcou o início de uma fase de crescimento nas pesquisas, permitindo que chegasse ao embate de segunda-feira empatado com Obama na pesquisa diária Reuters/Ipsos. Mas Obama, que se recuperou depois do primeiro debate e foi elogiado por seu desempenho no segundo confronto contra Romney, na semana passada, manteve-se agressivo no duelo da segunda à noite. Obama acusou o rival, ex-governador de Massachusetts, de ter proposto políticas erradas e temerárias "em casa e no exterior", e lembrou ao eleitorado que Romney chegou a elogiar o ex-presidente republicano George W. Bush como sendo um bom guardião da economia. Romney mostrou-se cauteloso em áreas da política externa onde tem pouca experiência, mas aproveitou cada oportunidade que teve para levar o debate para a questão econômica e para suas críticas à liderança de Obama nesse ponto. No final, segundo analistas, foi um confronto que dificilmente irá alterar os rumos da eleição de 6 de novembro, como foi o caso do primeiro debate, em favor de Romney. "Foi o tipo de debate que fará ambos os lados se sentirem bem", disse Bruce Buchanan, cientista político da Universidade do Texas. "Obama tem uma vantagem na política externa, mas essa não é a questão que está mexendo com os eleitores. E Romney ganhou alguns pontos e foi particularmente eficaz em vincular a economia ao debate sobre a força do país." "Os EUA precisam liderar" Romney, ex-executivo de uma firma de investimentos, faz da sua experiência empresarial a peça central da sua campanha. Durante o debate, em vários momentos ele associou a lentidão da recuperação econômica norte-americana à necessidade de reforçar a presença internacional dos EUA. "Para ser capaz de cumprir esse papel no mundo, a América precisa ser forte", disse Romney. "A América precisa liderar, e, para que isso aconteça, temos de fortalecer nossa economia aqui em casa." Obama também fez frequentes associações entre política externa e interna, propondo medidas para estimular a permanência de empregos industriais nos EUA, contratar mais professores e buscar a independência energética. Romney apoiou a essência das políticas de Obama em algumas questões internacionais -- as sanções ao Irã, a guerra do Afeganistão, manter os militares dos EUA fora da Síria, usar aviões teleguiados para atacar terroristas, e ter matado Osama bin Laden no Paquistão. "Isso foi talvez o máximo de concordância que tenhamos ouvido nesta longa campanha", disse Mitchell McKinney, especialista em comunicações políticas na Universidade de Missouri. Romney evitou inclusive contestar Obama pela forma como lidou com o ataque do último dia 11 de setembro contra uma missão diplomática dos EUA na Líbia, maior vulnerabilidade do atual governo em questões de política externa. Obama foi mais agressivo, acusando Romney de estar abordando temas díspares e ridicularizando a proposta de construir mais navios para fortalecer a Marinha. "Você mencionou a Marinha, por exemplo, e que temos menos navios do que tínhamos em 1916. Bom, governador, também temos menos cavalos e baionetas", disse Obama. Romney reagiu dizendo: "Atacar-me não é uma pauta". Impacto limitado? As pesquisas indicam Obama como vencedor do debate por estreita margem, mas sinalizam que Romney provou estar qualificado para ser o comandante-em-chefe das Forças Armadas norte-americanas. Um levantamento rápido feito pela CNN depois do confronto apontou vitória apertada de Obama, por 48 a 40 por cento. Mas 60 por cento disseram que Romney poderia arcar com as responsabilidades presidenciais, e 66 por cento acham que Obama está se mostrando qualificado. Metade dos eleitores ouvidos declarou que o debate não terá influência sobre seu voto. Outros 24 por cento disseram ter ficado mais inclinados a votarem em Obama, e 25 por cento em Romney. "O debate de política externa é o que menos tem impacto sobre os eleitores, que simplesmente não estão familiarizados com os assuntos internacionais", disse o cientista político Jamie Chandler, do Hunter College. "Esse debate terá um impacto limitado sobre a campanha."

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