PUBLICIDADE

EMBRAER prevê queda nos pedidos de aeronaves em 2009

Por ALBERTO ALERIGI JR.
Atualização:

O presidente da Embraer, Frederico Curado, afirmou nesta quinta-feira que a crise global de crédito está criando dificuldades para clientes, o que deve provocar uma queda nos pedidos de aviões da empresa em 2009. Com isso, as vendas da companhia no próximo ano devem ficar "abaixo da receita", disse ele em encontro com jornalistas. "Nos últimos quatro ou cinco anos, vínhamos conseguindo vendas acima da receita", acrescentou. Isso ocorre porque os pagamentos só são feitos na entrega das aeronaves. O quarto trimestre já deve mostrar uma pequena queda no backlog (carteira de pedidos), segundo o executivo. Curado também afirmou que há clientes pedindo adiamento de entregas "e, por isso, o diálogo com eles está se intensificando". A carteira de pedidos da Embraer em 2008 deve chegar a 21 bilhões de dólares, sendo que a empresa conseguiu 7 bilhões de dólares em novos contratos este ano. SEGURANDO O CAIXA Porém, uma carteira de pedidos forte não é mais garantia de receita forte, disse o executivo, e por isso a ordem na companhia é preservar o caixa. Por conta dessa preocupação com o caixa da empresa, que encerrou o terceiro trimestre em 3,678 bilhões de reais, a companhia não tem planos de criar uma operação de financiamento de clientes. Segundo ele, a empresa está avaliando caso a caso a necessidade dos clientes e para alguns deles pode decidir por fazer empréstimo-ponte de "curtíssimo prazo". "Não queremos cair muito de nossa posição de caixa líquido no terceiro trimestre", afirmou o executivo. Para 2009, a Embraer prevê entregar 125 aviões comerciais e 145 aviões executivos, dos quais 110 são encomendas relativas à nova família Phenom, que recentemente foi certificada. Sobre 2008, o executivo comentou que a empresa deve entregar "um pouco acima de 200 aeronaves". Curado negou informação de que a companhia esteja planejando cortes de cerca de 4.000 funcionários, mas evitou confirmar se a empresa está planejando reduções de folha de pagamento. "Pode ser necessário, mas não quero especular sobre isso (...) Não dá para prometer nada, se vai acontecer ou não", disse o executivo. A companhia contratou cerca de 4.500 funcionários em 2007, de olho em um ritmo de produção maior que era incentivado por novos produtos e por um ambiente em que, até então, clientes podiam escolher que em bancos queriam contratar financiamento. "Existiam cerca de 30 bancos que trabalhavam com aviação e agora são seis ou oito", disse Curado, afirmando que a Embraer "vê com muita preocupação a situação externa". QUEDA "IMPORTANTE" O vice-presidente de aviação executiva da Embraer, Luiz Carlos Affonso, afirmou um pouco antes que as vendas de sua área até outubro vinham se mantendo no volume comercializado no primeiro semestre. Porém, com o agravamento da crise de crédito a partir de setembro, que disparou processos de recessão ao redor do mundo, as vendas de novembro e dezembro sofreram uma "queda importante". Ele não citou detalhes. Diante desse recuo, o executivo afirmou que 2009 vai ser um ano de "consumo de backlog", que no caso dos jatos Phenom 100 e 300 têm entregas previstas para até 2014 e 850 unidades vendidas. Desse total vendido, clientes nos Estados Unidos são responsáveis por 45 por cento e da Europa por 30 por cento. Na América Latina foram vendidas 100 unidades, das quais cerca de 70 no Brasil, disse Affonso. A Embraer entrega as duas primeiras aeronaves Phenom na próxima semana a clientes norte-americanos. Para facilitar a comercialização de seus jatos executivos, a Embraer tem intenção de aceitar aeronaves usadas dos clientes como parte do pagamento. "Queremos criar no médio a longo prazo essa capacidade para estimular as vendas", disse Affonso. No fechamento preliminar, as ações da Embraer mostravam alta de 2,5 por cento, cotadas a 9,80 reais. (Reportagem de Alberto Alerigi Jr.)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.