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Empresa italiana cria manequins que 'espionam' clientes

Sistema traça perfis com dados como idade, origem e etnia do indivíduo para traçar estratégias de venda.

Por BBC Brasil
Atualização:

Ao sair do trabalho, uma jovem passeia por uma rua comercial, para em frente a uma loja de roupas, observa distraída um vestido na vitrine e entra para dar uma olhada. A cena parece a mais comum possível, se não fosse pelo fato de que os movimentos da jovem foram captados pelas pupilas fotográficas do manequim que exibia o vestido, elaborando um perfil com sua idade, sexo, etnia e hora de entrada. Dados que serão posteriormente analisados pelos donos da loja. Os manequins inteligentes nasceram para analisar as reações das pessoas que passam diante das lojas e ajudar as empresas de moda a elaborar estratégias de venda mais efetivas. Mas não são poucos os que se perguntam se uma tecnologia desse tipo não significa uma violação ao direito à privacidade dos clientes. Reconhecimento facial Os manequins inteligentes são resultado do trabalho conjunto entre a empresa Kee Square, ligada à Universidade de Milão, e a empresa italiana de venda de manequins Almax. Segundo seus criadores, o modelo Eye See Mannequin é fabricado com materiais biodegradáveis e tem uma câmera no interior da cabeça, para permitir a captação de imagens processadas posteriormente por um programa de reconhecimento facial. Com essa tecnologia, o manequim pode detectar todas as pessoas que passam diante da loja, detectar se elas se mostraram interessadas no produto, registrar por onde passaram e elaborar perfis com dados como idade, origem e etnia do indivíduo. Os manequins estão à venda pelo equivalente a R$ 10.500 cada um e se apresentam como uma ferramenta revolucionária de mercado para a indústria da moda. Privacidade A tecnologia que empregam é a mesma que vem sendo utilizada para vigiar centros comerciais ou aeroportos, mas o fato de essas câmeras estarem no interior dos manequins e não poderem ser vistas faz com que muitos questionem se isso não atentaria contra a privacidade do cliente. Alguns representantes do mundo da moda afirmam que os manequins poderiam estar violando as leis de privacidade da União Europeia e de países como os Estados Unidos. Mas segundo Fabio Mazza, diretor da Kee Square, o sistema elabora perfis "com um total respeito à privacidade", já que o sistema estaria protegido por "uma sofisticada mistura de hardware e software que processa a informação sem a necessidade de um computador". Com esse sistema, o dispositivo não registraria nem enviaria nenhuma informação sensível, nem deixaria nenhum registro dos rostos dos indivíduos. Segundo a Almax, cinco grandes empresas de moda já estão usando os manequins, mas a empresa não quis informar a identidade de seus clientes. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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