Enfermeira em quarentena por Ebola nos EUA critica tratamento recebido

Kaci Hickox descreveu uma experiência confusa e perturbadora no aeroporto

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Por Redação
Atualização:
Hospital da universidade de Rutgers, em Nova Jersey, onde Kaci Hickox foi internada Foto: Robert Stolarik/NYT

O Estado do Illinois se juntou ao de Nova York e Nova Jersey na imposição de quarentena obrigatória para as pessoas que chegam nos Estados Unidos com risco de terem contraído Ebola na África Ocidental, mas a primeira pessoa isolada sob as novas regras, uma enfermeira que voltou de Serra Leoa, criticou fortemente o tratamento recebido.

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Sob uma política introduzida na sexta-feira, quem chega no Aeroporto Internacional John F. Kennedy ou no Aeroporto Internacional Newark Liberty depois de ter tido contato com pacientes de Ebola na Libéria, Serra Leoa ou Guiné deve se submeter a uma quarentena obrigatória de 21 dias. Três semanas é o período mais longo documentado para uma infecção por vírus Ebola emergir.

Kaci Hickox, uma enfermeira, voltou na sexta-feira de um trabalho com médicos da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras em Serra Leoa, e foi colocada em quarentena depois de chegar a Newark.

Hickox, que foi transferida do aeroporto para um hospital onde foi colocada em isolamento, descreveu uma experiência confusa e perturbadora no aeroporto e estava preocupada que o mesmo tratamento fosse destinado a outros profissionais norte-americanos de saúde que estavam tentando ajudar.

"Eu ... pensei em muitos colegas que vão voltar para casa na América e enfrentar o mesmo calvário", escreveu Hickox em um artigo publicado neste sábado no The Dallas Morning News, com a ajuda de um dos repórteres do jornal. "Será que vão fazê-los se sentir criminosos e prisioneiros?"

O departamento de saúde de Nova Jersey disse que Hickox teve febre logo depois de ter sido colocada em quarentena e que foi levada ao Hospital Universitário de Newark, mas que depois seus testes deram negativo para Ebola.

Em seu artigo, Hickox contestou o ocorrido, dizendo que sua temperatura estava normal quando testada por via oral no hospital, mas tinha mostrado febre quando ela foi testada usando um scanner de testa sem contato, o que refletia o fato de que ela estava nervosa e ansiosa.

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A organização Médicos Sem Fronteiras também criticou o tratamento de Hickox, dizendo que não estava claro quanto tempo ela ficaria isolada em condições desconfortáveis ??em uma tenda montada do lado de fora do edifício principal do hospital.

MEDIDAS As quarentenas estaduais foram impostas depois de um médico de Nova York ter sido diagnosticado com a doença na quinta-feira, depois de retornar ao país após trabalhar com pacientes de Ebola para a organização Médicos Sem Fronteiras na Guiné. O doutor Craig Spencer, que está sendo tratado de forma isolada no Bellevue Hospital Center, em Manhattan, foi a quarta pessoa a ser diagnosticada com a doença nos Estados Unidos e a primeira na maior cidade do país. Seu caso desencadeou preocupações renovadas nos Estados Unidos sobre a propagação da doença, que já matou milhares de pessoas na África Ocidental. A preocupação com o Ebola nos Estados Unidos tornou-se uma questão política à frente das eleições para o Congresso, em 4 de novembro. O Ebola já matou quase metade das mais de 10.000 pessoas diagnosticadas com a doença - predominantemente na Libéria, Serra Leoa e Guiné - embora o verdadeiro número seja muito maior, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. O vírus é transmitido através do contato direto com fluidos corporais de uma pessoa infectada. Ele não é transmitido por pessoas que não estão mostrando sintomas, mas as medidas de quarentena em Nova Jersey, Nova York e Illinois foram motivados em parte pelo fato de que Spencer passou por diferentes locais entre sua chegada em casa e o desenvolvimento dos sintomas na quinta-feira, tendo inclusive andado de metrô, pegado um táxi e ido para uma pista de boliche. (Por Jonathan Allen)

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