PARCERIA COM TARPON
Segundo Ghio Junior, a empresa não espera grandes mudanças estratégicas após a entrada da Tarpon em seu grupo de controle e sim revisões em algumas áreas específicas. “Nós estamos nos mercados que a gente quer estar. Não queremos entrar no ensino superior, nos focamos no ensino básico”, disse.
Um dos objetivos da companhia é aumentar o número de escolas próprias por meio de crescimento orgânico ou aquisições. Hoje, a Abril Educação possui quatro marcas (Anglo, pH, Motivo e Centro Educacional Sigma) distribuídas em 19 unidades próprias.
Além disso, o sistema de ensino técnico, que oferece material para os alunos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), do governo federal, tem capacidade para continuar crescendo, depois de passar de 2 mil alunos no primeiro semestre de 2013 para 100 mil no primeiro semestre de 2014.
“De cada duas vagas do Pronatec, um aluno estuda com os nossos materiais. O viés é de alta. Todo semestre, o governo incorpora mais um lote de alunos em quantidade relevante. O sistema de ensino técnico vai ser uma veia de crescimento bastante acelerada”, acrescentou.
Após o ingresso da Tarpon Investimentos no controle da companhia, em acordo assinado em junho pela Abrilpar e a família Civita, a gestora de investimentos terá 24,21 por cento do capital votante e 19,91 por cento do capital total da empresa, que deverá migrar para o segmento Novo Mercado, da BM&FBovespa. O bloco Abrilpar terá 60 por cento das ações do grupo de controle da empresa e poderá indicar presidente e dois conselheiros independentes. A Tarpon terá os 40 por cento restantes, com indicação de 3 conselheiros e vice-presidente.
PEQUENAS E MÉDIAS AQUISIÇÕES À FRENTE
As grandes aquisições não estão mais no radar da Abril Educação, disse o executivo. Somente no ano passado, as aquisições da empresa somaram 1,14 bilhão de reais, com a compra da rede de idiomas Wise Up, do centro educacional Sigma, em Brasília, e do Colégio Motivo, em Pernambuco. A empresa também adquiriu uma empresa de tecnologia da educação, a MSTECH.
Para este ano e para os próximos, a empresa busca fazer aquisições de pequeno e médio portes, como sistemas de ensino, empresas de tecnologia de educação e escolas em regiões onde a companhia não possui relevância.
As regiões em foco incluem Centro-Oeste e Nordeste, que têm mostrado taxas mais altas de crescimento demográfico em relação ao resto do país, disse. Dos alunos que utilizam sistemas de ensino na região Sudeste, cerca de um terço são de empresas pequenas. “Seria interessante olhar os pequenos competidores, sobretudo em regiões que a gente não atua de maneira efetiva”, afirmou.
Entre as empresas de tecnologia de educação, a companhia espera fazer aquisições pontuais para cobrir algumas lacunas, como jogos eletrônicos educacionais, ensino adaptativo (que visa personalizar o ensino a cada aluno) e avaliações de proficiência de idiomas em larga escala.
O executivo descartou a possibilidade de a Abril Educação acessar o mercado de capitais por meio de emissão de dívida ou novas ações como forma de financiar novas aquisições. Ao final de março, o endividamento consolidado líquido da Abril Educação era de 844 milhões de reais, composto por uma dívida bruta de 1,27 bilhão de reais e disponibilidades de 425,3 milhões.