ENTREVISTA-Caixa avalia empréstimos de R$8 bi para empresas

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Por ALUÍSIO ALVES
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Aproveitando-se do vácuo deixado pelos bancos privados, que frearam a oferta de crédito em meio à crise, a Caixa Econômica Federal está reforçando a atuação no setor corporativo e diz ter no momento 8 bilhões de reais em pedidos de financiamento sob análise. "Estamos apostando na estratégia de diversificação", disse à Reuters o vice-presidente de finanças da Caixa, Marcio Percival, nesta sexta-feira. A exemplo do que fez nos financiamentos para consumo, setor em que reduziu os juros seis vezes só em 2009, o banco passou a ofertar taxas mais agressivas para empresas, medida que teve reação imediata, especialmente porque parte delas encontrou dificuldades para obter crédito nos bancos privados. "A gente está tendo uma atuação mais agressiva nas linhas para empresas", afirmou o executivo. "Estamos dispostos a emprestar para quem nos procurar", emendou. As linhas podem ser liberadas tanto por meio de crédito bancário como por operações de mercado de capitais, como debêntures, por exemplo. No varejo --principal responsável pelo salto de 56 por cento da carteira de crédito da Caixa no período de 12 meses encerrado em junho--, o ritmo de expansão seguiu forte desde então. Por isso, o banco considera elevar a previsão de crescimento da carteira em 2009, atualmente fixada em 40 por cento para o período. "Seguimos crescendo a carteira de varejo ao passo de 3 a 3,5 por cento a cada mês", revelou Percival. Ele descartou a hipótese de o banco reduzir a agressividade, agora que a economia começa a se recuperar, mesmo em meio a críticas de que a Caixa estaria se arriscando demais. "Isso não é uma aventura. Nós estamos avaliando nossos níveis de inadimplência e a solidez do capital", disse. Nas últimas semanas, representantes de bancos estatais e privados se envolveram numa polêmica depois de o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, ter dito que algumas taxas praticadas pelos bancos públicos eram insustentáveis. Além de juros menores, a Caixa também planeja ampliar a oferta de serviços bancários a milhões de clientes que hoje não são correntistas. É o caso dos donos de cadernetas de poupança, que somam 36 milhões de pessoas. Hoje a Caixa possui 15 milhões de correntistas. Os atuais correntistas vão enxergar brevemente essa diversificação, promete Percival. Uma das iniciativas nesse sentido será o lançamento de seu próprio home broker, instrumento que permite a negociação de ações via Internet. CAIXAPAR Ampliar a estrutura para oferta de serviços financeiros é uma das diretrizes para escolha dos investimentos que serão realizados pela CaixaPar, braço de participações da Caixa anunciado em outubro de 2008, e que tem 3 bilhões de reais para desembolsar, segundo Percival. Os recursos devem começar a ser aplicados até o final do ano na compra de fatia em empresas de áreas nas quais o banco tem interesse em crescer, como crédito consignado, serviços de tecnologia financeira, seguros e ramo imobiliário. O banco também está tentando obter aprovação do governo para criar seu próprio fundo garantidor de crédito, que irá competir com a atual instituição privada responsável por assegurar os depósitos e investimentos.

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