ENTREVISTA-Marfrig eleva uso industrial de olho na demanda do 4otri

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Por Fabiola Gomes
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A Marfrig, segunda maior empresa de carne bovina do Brasil, está elevando o uso de sua capacidade instalada como forma de atender à crescente demanda interna, especialmente no segmento "food service", disse o vice-presidente de relações com investidores. "O uso da nossa capacidade produtiva vem aumentando gradativamente desde abril. A ocupação hoje dentro das nossas plantas tem oscilado entre 10-12 mil animais/dia (bovinos)", disse João Sampaio, em entrevista à Reuters. A empresa informou que o uso da capacidade produtiva passou de 75 por cento no início deste ano para 80 por cento no momento. Incremento ocorreu ao mesmo tempo em que a empresa elevou a capacidade de abate, com a reativação de três unidades -- Porto Murtinho (MS), Pirenópolis (GO) e Tucumã (PA). Atualmente, a capacidade de abate de bovinos da companhia é de 4,18 milhões de cabeças por ano. E somando as unidades localizadas na Argentina, Chile e Uruguai totaliza 5,4 milhões de cabeças ao ano. O executivo ressalta que este crescimento no uso industrial é puxado especialmente pela firme demanda doméstica, uma vez que o mercado externo segue equilibrado. "O mercado interno, está tendo uma demanda (maior)... Fato que temos visto é o crescimento no 'food service'. A Marfrig tem uma presença forte, é a líder no segmento", explicou Sampaio. Food service é o mercado de alimentação fora das residências, como restaurantes, por exemplo. O resultado mais recente da companhia mostra que o segmento de processados da companhia aumentou sua participação na receita do grupo para 46,8 por cento no segundo trimestre deste ano, ante 36,8 por cento em igual período do ano passado. Segundo ele, este resultado tem levado a empresa a reforçar as operações deste segmento. "Decidimos ampliar o trabalho nisso, com incremento grande nesta linha e os resultados têm aparecido", acrescentou. FIM DE ANO Sampaio lembra ainda que o setor tradicionalmente é favorecido no quarto trimestre, com a entrada do 13o salário e o consumo maior de carnes durante o período de comemorações de fim de ano. Mas considera que o cenário é particularmente positivo para a empresa, por conta da marca Fiesta, que a Marfrig adquiriu da Brasil Foods. "Começamos a operar com a marca Fiesta, da Brasil Foods, e a linha de produtos comemorativos cresceu bastante neste final de ano", disse. A permuta de ativos entre a Marfrig e Brasil Foods foi anunciada no final do ano passado. O órgão antitruste (Cade) aprovou a operação em maio deste ano e o processo de permuta ocorreu entre junho e agosto. A marca Fiesta inclui a oferta de aves especiais, como chester e peru, e de suínos, como pernil e tender, muito consumidos no período. Ele observou ainda o calendário deste ano favorece um aumento do consumo. "O Natal neste ano cai numa terça-feira, então a festa começa na sexta... Isso é algo raro de acontecer e que vem complementar das expectativas", explicou o executivo. CUSTOS A despeito do cenário favorável, um dos fatores que deve estar no foco do setor nesta temporada é o aumento dos custos. O salto nos preços de grãos, que pressiona as margens de operações com aves e suínos, também pode afetar as atividades com bovinos. A expectativa inicial do setor era de preços mais baixos no segmento bovino, por conta de uma entrada maior de animais para abate, dando início a um ciclo de baixa dos valores. Contudo, a alta dos grãos está comprometendo o segundo turno do confinamento, período em que os animais são alimentados com ração para compensar o baixo potencial das pastagens no período da seca. "Realmente, tem se falado muito que o segundo ciclo seria menor por causa dos preços dos grãos. Mas ainda não vimos isso", disse, acrescentando que por ora o número de animais abatidos segue "dentro do que foi planejado".

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