Enviado da ONU vai se reunir com junta de Mianmar

Líder militar Than Shwe concordou em receber Ibrahim Gambari na terça-feira.

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Por BBC Brasil
Atualização:

O enviado especial da ONU para Mianmar (a antiga Birmânia), Ibrahim Gambari, deverá se reunir com o principal líder militar do país, Than Shwe, nesta terça-feira. Gambari chegou a Mianmar no sábado para discutir a repressão aos recentes protestos contra o governo, mas até agora só havia se reunido com representantes do segundo escalão do governo militar. A segurança permanece reforçada na principal cidade do país, Yangun, onde milhares de soldados fortemente armados patrulham as ruas. Não há sinais de novos protestos. As tropas estão parando jovens nas ruas e em carros, buscando câmeras que podem estar sendo usadas para enviar imagens para fora do país, segundo correspondentes. A maior parte das conexões de internet continua fora do ar e as redes de telefonia celulares também estão com problemas. Gambari espera pôr fim à violenta repressão do governo contra os protestos liderados por monges e estudantes na semana passada. O governo afirma que dez pessoas foram mortas nos protestos, mas diplomatas e ativistas afirmam que o número de vítimas é muito maior. Há quase duas semanas que manifestantes vinham tomando as ruas de Yangun, nos maiores protestos contra o governo militar em quase 20 anos. Mas o número de manifestantes nas ruas vem diminuindo desde a repressão, e os monges budistas que lideravam os protestos estão cercados nos mosteiros. Também diminuiu o fluxo de informações vindas de Mianmar por causa das restrições na internet e nas redes de telefonia celular. Mas um correspondente em Yangun - cuja identidade ficou anônima por razões de segurança - afirmou que as pessoas estão com muito medo de tomar qualquer ação com tantos soldados nas ruas. A área em volta do pagode Sule - um ponto central para os recentes protestos - foi isolada e há centenas de soldados armados e tropas de choque na área. Metade das lojas abriu nesta segunda-feira, mas há muito mais soldados do que transeuntes nas ruas. Todos os internet cafés continuam fechados. Também há poucos monges circulando por Yangun. Depois que as tropas invadiram os mosteiros, na semana passada, cerca de três mil monges foram detidos em prisões improvisadas do lado de fora da cidade. Há informações de que os monges estão recusando a comida oferecida pelos guardas. Alguns moradores da cidade disseram ao correspondente da BBC que estão com medo e sem esperanças, depois de ver que os militares estão preparados para atirar em monges, mulheres e crianças, mas eles afirmaram que os protestos vão continuar. No domingo, Gambari se reuniu com a líder da oposição, Aung San Suu Kyi, que está em prisão domiciliar. Ele foi o primeiro estrangeiro autorizado a visitá-la em dez meses. Fontes diplomáticas em Yangun disseram que a China, o país que tem maior influência sobre a junta militar de Mianmar, está fazendo pressão para que a missão de Gambari seja estendida. Em uma carta divulgada nesta segunda-feira, a ASEAN (Associação das Nações do Sudeste da Ásia, da qual Mianmar faz parte) disse que as imagens do que estava acontecendo no país causaram repugnância em todo o mundo. Um enviado japonês também chegou a Mianmar nesta segunda-feira, para acompanhar as investigações sobre a morte do cinegrafista japonês Kenji Nagai. Aparentemente, a filmagem de sua morte na quarta-feira mostra um soldado atirando no jornalista a uma curta distância, durante os protestos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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