Equador defende asilo a Assange em desafio à Inglaterra

PUBLICIDADE

Por EDUARDO GARCIA
Atualização:

O presidente equatoriano, Rafael Corrêa, afirmou que as tensões do país com a Inglaterra sobre o asilo ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange, são uma ameaça para a América Latina e alertou o Reino Unido de que deveria pensar duas vezes antes de violar a soberania da região. Inflamado pela ameaça de Londres de invadir a embaixada equatoriana onde Assange está refugiado, o governo de Corrêa acusou a Inglaterra de agressão "colonial" e formalmente concedeu asilo ao australiano. A Inglaterra afirma que não vai permitir que o fundador do site que vazou informações de vários governos ao público viaje para a América do Sul porque está obrigada a extraditá-lo para a Suécia, onde Assange sofre acusações de crimes sexuais. "Com quem eles pensam que estão lidando? Eles não podem ver que este é um governo digno e soberano que não se ajoelha perante ninguém?", disse Corrêa em discurso semanal, neste sábado. "Que mentalidade, não? Eles não perceberam que a América Latina é livre e soberana e que não vamos tolerar interferências, colonialismo de qualquer tipo, pelo menos neste país, que é pequeno, mas que tem um grande coração." O discurso de Corrêa aconteceu enquanto o Equador sedia uma reunião neste final de semana de ministros de Relações Exteriores do grupo Alba (Aliança Bolivariana Para Os Povos Da Nossa América) e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). A Alba, que inclui os governos da Venezuela e de Cuba, emitiu um forte comunicado em Caracas nesta semana. "Alertamos o Reino Unido ... sobre as graves consequências que o cumprimento de suas ameaças terá sobre as relações com nossos países." O apoio à posição do Equador parece estar crescendo na região. "A Inglaterra está errada. A ameaça não é apenas contra o Equador, é uma ameaça contra a Bolívia, contra a América do Sul, contra toda a América Latina", disse o presidente boliviano, Evo Morales, na sexta-feira. A mídia estatal equatoriana afirmou que outras nações, incluindo a Colômbia e Argentina, apoiam a posição de Corrêa. Na sexta-feira, representantes da Organização dos Estados Americanos (OEA) convocaram uma reunião de ministros de Relações Exteriores para a próxima semana sobre a situação de Assange. Canadá e Estados Unidos votaram contra a reunião. "A questão central não é o direito ao asilo, é a inviolabilidade das embaixadas", disse o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, após a votação. O governo equatoriano compartilha do temor de Assange de que ele poderá acabar sendo extraditado para os Estados Unidos. Washington está furiosa com o vazamento de centenas de milhares de telegramas diplomáticos e militares secretos norte-americanos pelo WikiLeaks.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.