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Equador e Colômbia disputam apoio em cúpula regional

Por PATRICK MARKEY
Atualização:

Equador e Venezuela disputavam apoio entre os líderes latino-americanos durante cúpula realizada nesta sexta-feira, em que os participantes tentavam resolver a crise regional provocada por um ataque colombiano contra guerrilheiros em território equatoriano. O presidente do Equador, Rafael Correa, descreveu um caminho diplomático para diminuir as tensões, exigindo que o Grupo do Rio condene a Colômbia e que o presidente colombiano, Álvaro Uribe, peça desculpas pelo ataque e prometa não repeti-lo nunca mais. "Isto é uma emergência, uma emergência que terá as mais sérias consequências se não agirmos a tempo", afirmou Correa na sessão de abertura da cúpula, na República Dominicana. O Equador e a Venezuela, países aliados, estacionaram milhares de soldados nas suas fronteiras com a Colômbia e, junto com a Nicarágua, cortaram as relações diplomáticas com o governo colombiano, um aliado dos EUA. Uribe, que possui bons índices de popularidade devido à ofensiva contra a guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), diz que o Equador e a Venezuela não se esforçam para combater o grupo rebelde. "Eu não o informei da operação (com antecedência) porque não contávamos com a cooperação do governo do presidente Correa na luta contra o terrorismo", afirmou o líder colombiano durante a cúpula. "A Colômbia pode dar mostras de sua disposição para cooperar com todos os que desejam cooperar." Sob pressão de governos da região, entre os quais os pesos pesados Brasil e México, Uribe parece estar à procura de uma fórmula para satisfazer Correa em meio à crise que, segundo a maior parte dos analistas, não deve se transformar no primeiro conflito armado da América do Sul em mais de uma década. À véspera da cúpula, o presidente da Colômbia teu que suas forças não mais realizarão ataques em território dos países vizinhos caso esses impeçam os rebeldes marxistas das Farc de abrigarem-se ali para planejar assassinatos, sequestros e atentados a bomba contra os colombianos. Correa exigiu que os líderes presentes na cúpula condenassem a Colômbia a fim de garantir que nenhum país ataque seu vizinho com impunidade na região, onde há várias disputas sobre linhas fronteiriças. "Esperamos que essa beligerância seja contida em seu núcleo e que as exigências do Equador sejam atendidas depois de termos sofrido uma agressão da Colômbia e uma violação de nossa soberania", afirmou o dirigente equatoriano a repórteres, durante a cúpula. Em um sinal de que o Equador também se mobiliza para aplacar a indignação da Colômbia, o pequeno país andino, em uma ação poucas vezes vista, capturou cinco pessoas em sua fronteira acusando-as de serem rebeldes. ESFORÇO DIPLOMÁTICO O presidente venezuelano, Hugo Chávez, que tem liderado uma aliança esquerdista contra Uribe, culpa os EUA pela crise, afirmando que os norte-americanos impuseram à Colômbia sua política de atacar militantes independente de onde estejam. Os EUA fornecem aos colombianos bilhões de dólares em ajuda militar para enfrentar as Farc, apostando nisso para manter os altos índices de popularidade de Uribe, elogiado por expulsar a mais antiga guerrilha da América Latina de grandes áreas da zona rural e por tirá-la das cidades. Apesar do calor das declarações e dos riscos de que ocorra algum incidente nas fronteiras altamente militarizadas da América do Sul, os investidores estrangeiros prevêem que a disputa perca gás com o avanço dos esforços diplomáticos. A crise aumentou o apoio, dentro de seus países, para os três maiores envolvidos -- Chávez, Uribe e Correa -- e isso por causa da posição dura que adotaram. Mas todos afirmaram que desejam evitar uma guerra e há pouca disposição, entre os moradores desses países, para um conflito. As manifestações de rua que ocorreram neles tenderam a pedir pela solução pacífica da crise. "A solução diplomática já está em progresso", afirmou José Vicente Carrasquero, professor de ciências políticas na Universidade Central Venezuelana, em Caracas. (Reportagem adicional de Manuel Jimenez e Enrique Andres Pretel em Santo Domingo e Brian Ellsworth em Caracas)

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