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Escolas com Ideb baixo ficam sem nota

Mais de 40% de unidades com nota baixa no índice de 2009 receberam recursos extras, mas não tiveram a avaliação de 2011 divulgada

Por Paulo Saldaña
Atualização:

Mais de 40% das escolas de anos iniciais do ensino fundamental (de 1.ª à 4.ª série) que tiveram notas muito baixas no Índice do Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) em 2009 ficaram sem notas em 2011. São escolas que não conseguiram ultrapassar a metade da média nacional de 2009, receberam investimentos extras, mas estão agora no escuro: não é possível saber como se desenvolveram nos dois últimos anos.No ciclo 2 do fundamental (de 5.ª à 8.ª série). 33% das escolas que registraram notas baixas em 2009 não tiveram índices divulgados em 2011. Segundo as regras oficiais, o único motivo para que os índices não sejam divulgados é para o caso de escolas que não tiveram mínimo de 50% de participação de alunos na Prova Brasil, avaliação que integra o Ideb - o que vale para todas as escolas.O Ministério da Educação (MEC) tem um plano de investimentos para escolas com notas mais baixas, com índices inferiores a 3,8. Até 2009, mais de R$ 400 milhões haviam sido liberados para as escolas. O MEC não informou quanto foi liberado para esse grupo de escolas até o ano passado nem quantas fazem parte do grupo.A reportagem fez um recorte de escolas com notas até a metade da média nacional de 2009. No ensino fundamental 1, a média era de 4,6 e no final, 4. Somando os dois ciclos, mais de 72% das escolas com notas até 2,3 (anos iniciais) e 2 (finais). O porcentual representa 1.966 escolas, sendo 867 do ciclo 1 e 448 no ciclo final.Os dados das escolas que, mesmo com notas baixas em 2009, tiveram resultado Ideb divulgados em 2011, mostram que a grande maioria apresentou bons resultados. Desse grupo, 89% registraram crescimento no índices entre os anos. Não chega a 7% o número de escolas desse grupo que apresentou decréscimo no índice.Concentração. Em 2011, o número de escolas com resultados divulgados foi quase 20% menor que em 2009. Quase 13 mil fases de ensino fundamental das escolas brasileiras tinham índice em 2009 ficaram no escuro em 2011 - a mesma escola pode ter os dois ciclos e ter uma realidade diferente de divulgação para cada um deles.A maior parte das escolas ficou concentrada em escolas que haviam conseguido notas baixas. De todas as escolas que não tiveram os resultados divulgados em 2011, 57% haviam conseguido uma nota baixa, até 4, menor que a média nacional. Equivalente a 7.382 escolas, dos dois níveis do ensino fundamental. Na outra ponte, apenas 11% das escolas sem Ideb em 2011 haviam conseguido notas acima de 6 em 2009. Esses dados não levam em conta escolas que não tiveram Ideb em 2009 e 20011, mas somente nos outros anos.Para a diretora do Todos pela Educação, Priscila Cruz, não ter o Ideb cria um "campo perigoso de invisibilidade". "Não dá para acompanhar se os recursos foram bem utilizados, se ela evoluiu no aprendizado e quais são seus principais desafios." No caso daquelas instituições que receberam mais recursos por conta da necessidade premente de melhorar a performance no indicador, a situação é ainda mais grave. "Para essas, não deveria haver a menor possibilidade de não fazer a avaliação."O MEC argumenta que o único motivo para esse vazio é o mínimo de 50% obrigatório de participação da Prova Brasil. Mas esse motivo vale para todas as escolas e não só para as que tiveram notas ruins./ COLABOROU OCIMARA BALMANT

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