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Escolas oferecem aulas extra também para os pais

Cursos de idiomas e academias dentro de colégios, mas abertos a todos, oferecem comodidade e reforçam laços com as famílias

Por Luciana Alvarez
Atualização:

Jorge Hayek com o filho Bruno, em aula de inglês no Colégio Arquidiocesano, na zona sul de São Paulo

 

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Aulas de línguas, esportes e dança são atividades extracurriculares oferecidas por grande parte das escolas a seus alunos, mas algumas delas decidiram expandir o leque de público e aceitam também as famílias e a comunidade do entorno nessas aulas. Pais, diretores e especialistas avaliam a iniciativa como positiva, por aproximar os pais da escola.

Jorge Elie Haiek vai todos os dias buscar seu filho, Bruno, de 7 anos, no Colégio Marista Arquidiocesano. Aproveita a viagem parafazer natação e estudar inglês no local. Para ele, a praticidade e o fato de conhecer melhor a escola contam como vantagens.

 

"Estudar no colégio do filho facilita muito, pelo deslocamento, e porque temos as mesmas datas, se é feriado para um é para os dois", conta Jorge. "Mas o principal benefício é que eu conheço o ambiente, sei como é o ensino. Dá para avaliar como está sendo o estudo do Bruno, porque é a mesma atividade."

 

Segundo o pai, o filho também aprova sua presença no colégio. "Ele gosta de ter o pai próximo. Talvez quando ficar mais velho passe a achar ruim, pensar que tira a liberdade", diz Jorge.

 

Enquanto o filho não reclama, aproveita para ser um exemplo. Às segundas, pai e filho estudam inglês no mesmo horário, mas em salas diferentes. "Sempre que passa pela porta da minha classe, ele faz questão de cumprimentar", conta.

 

O diretor do Arquidiocesano, Ascânio João Sedrez, estima que 30% dos pais façam alguma atividade extra nas dependências escolares - ex-alunos também têm grande participação. "A escola tem de criar canais permanentes para o contato com os pais. Aqui, todos têm carteirinha, passam pela catraca, entram ordinariamente na escola", afirma.

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Futebol, coral, língua espanhola e dança flamenca são as modalidades abertas aos "não alunos" no Colégio Miguel de Cervantes. "O foco são os familiares, mas nada impede que outras pessoas participem", diz o chefe do departamento de atividades complementares, Antonio Rovai. Com exceção do curso de idioma, não há divulgação externa das atividades, por isso o público acaba sendo majoritariamente de parentes de alunos, ex-alunos e funcionários.

 

A direção diz que tem dois objetivos principais com os cursos abertos: promover o bem-estar da comunidade escolar e integrar as famílias à escola. "Isso tem um resultado positivo na relação de quem participa com o colégio. Afinal, a tarefa de educar precisa de uma afinidade muito grande entre pais e escola", diz Rovai.

 

Só academia. Escolas que montaram grandes centros de esportes e atividades físicas costumam abrir as portas ao público em geral, como forma de aproveitar a estrutura em horários estendidos e ter um retorno mais rápido do investimento.

 

Para a professora do curso de Educação Física da Universidade São Judas Sheila Aparecida dos Santos Silva, especialista em administração escolar, mesmo que a escola ofereça uma academia ao público geral como forma de não deixar o espaço ocioso, a iniciativa é positiva. "É uma forma de inserção da escola na comunidade, das pessoas do entorno", afirma Sheila. "Colabora para a coesão do bairro; todos passam a ver a escola com mais simpatia", avalia.

 

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O Colégio Módulo tem à disposição de todos - alunos, pais ou pessoas sem relação direta com a escola - uma academia completa. Segundo o diretor da escola, ao ampliar o público, o uso do espaço é otimizado. "É uma estratégia de negócios. Além de agregar valor à instituição, pode-se aproveitar melhor a estrutura", afirma Wagner Sanchez. "Se fosse só para os alunos, a academia ficaria fechada à noite."

 

Mas Sanchez não descarta a relevância pedagógica do serviço. "Como você vê crianças e adultos juntos, o ambiente fica mais leve e divertido. O exercício físico é visto como forma de saúde, não de culto ao corpo."

 

A academia do Colégio Franciscano Nossa Senhora Aparecida (Consa) foi inaugurada em 2004, com a ideia de atender a toda a comunidade. Mas, na prática, a maioria dos frequentadores acaba sendo de pessoas ligadas à escola. "Cerca de 70% são alunos e família", diz Fábio Ramos, gerente esportivo da escola.

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Segundo Ramos, a presença dos filhos acaba trazendo os pais para os exercícios. "É comum o aluno sair das aulas e já encaixar um esporte logo em seguida, aí o pai vem buscar e faz atividade junto", afirma o gerente.

 

Wanderley Nunes Weingrill, de 65 anos, acompanha sempre os treinos de futsal do neto Matheus Roberto da Silva, de 11 anos, aluno do Consa. Também acabou se matriculando na natação, mas confessa que vai muito pouco. "É recomendação médica, mas a verdade é que faço minha agenda mais em função do Matheus", conta. Como aluno ou acompanhante, diz que adora o clima da academia do colégio. "Somos todos amigos, parece até uma família."

 

RAZÕES PARA

 

Estudar ou malhar na escola do filho

 

1 A parceria entre família e escola, essencial para uma educação consistente, se fortalece quando os pais frequentam a escola, por qualquer que seja o motivo.

 

2 Quando os filhos veem o exemplo dos pais e mães estudando e fazendo exercícios físicos, eles se sentem estimulados a fazer o mesmo.

 

3 Numa cidade onde o deslocamento é difícil, os vários serviços no mesmo local oferecem comodidade às famílias.

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