Espuma cobre o rio Tietê e afasta turistas em Pirapora

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Por José Maria Tomazela
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Grandes tapetes de espuma cobriam a superfície do rio Tietê na área urbana de Pirapora do Bom Jesus, na manhã desta quarta-feira. O espetáculo que atraía curiosos denunciava também um aumento na poluição concentrada nas águas. Com o vento, alguns blocos se deslocavam e caíam nas ruas próximas do rio. Moradores reclamam que, ao secar, a espuma deixa manchas no chão, em roupas e na pintura dos carros. A prefeitura alega que a cidade perdeu mais de 50% dos turistas por causa da poluição do rio e quer uma compensação.O fenômeno ocorre dois quilômetros abaixo de uma barragem existente no rio. O Tietê corta o centro velho da cidade e, ao passar pelos vertedouros da barragem da Usina Hidrelétrica do Rasgão, as águas turbilhonam e produzem a espuma. A cidade de 15.727 habitantes abriga o santuário do Bom Jesus, destino de 600 mil romeiros por ano. Apesar da beleza cênica, a espuma incomoda os turistas, diz a secretária do santuário, Raíssa Aureliano da Silva. "Quem vem pela primeira vez reclama de coceira no nariz e ardência nos olhos." Às vezes, o cheiro de um gás liberado pela espuma invade a igreja.A assistente administrativa Maria Dionísia de Oliveira, moradora da cidade há 16 anos, já se acostumou com o cenário do rio. "A espuma desaparece por uns tempos, depois forma outra vez. As pessoas estão acostumadas", disse. O prefeito Gregório Maglio (PMDB) contou que o nível das águas do Tietê está mais baixo em razão do tempo seco, o que agrava a poluição, aumentando a formação de espumas. Ele disse que a cidade tem sido castigada por um problema que não gerou. "O rio já chega aqui poluído e nós pagamos a conta." Na década de 1980, segundo ele, os barcos turísticos faziam passeios pelo rio e a cidade recebia dez mil turistas todo fim de semana. "Hoje, se vêm dois ou três mil é muito."O prefeito considera ser obrigação do governo estadual despoluir o rio, por isso tem discutido com os órgãos governamentais uma forma de compensação para a cidade. "Pirapora não foi considerada estância turística por causa da poluição e por isso perde os recursos destinados a essas cidades. Nossa população não aumenta porque a poluição do rio afasta novos moradores. É uma conta alta", reclamou.Relatório de qualidade das águas elaborado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) mostra que o rio Tietê está mais poluído na região. Enquanto em outras bacias do Estado houve diminuição no lançamento de esgotos, no Tietê, de 2011 para 2012, aumentou de 622 para 644 toneladas diárias a carga remanescente de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). O DBO é um parâmetro utilizado para quantificar a poluição orgânica da água.A piora na qualidade do rio ocorreu mesmo com os investimentos expressivos em saneamento realizados na Grande São Paulo, através do Projeto Tietê, o maior projeto de despoluição do Estado. De acordo com a Cetesb, o esgoto doméstico continua sendo o principal responsável pela presença de indicadores de poluição nas águas, como nitrogênio amoniacal e surfactantes, bem como de ferro, alumínio e manganês.

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