ESTREIA-'A Fita Azul' examina contradições de visões ultrarreligiosas

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Por Redação
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Uma tensão entre o mundano e uma tradição religiosa arcaica é a força que guia o drama norte-americano "A Fita Azul", da estreante Rebecca Thomas. Ao centro, está Rachel (a ótima Julia Garner, de "As Vantagens de Ser Invisível"), uma garota vivendo com sua família numa comunidade mórmon situada nas profundezas de Utah. O filme estreia em São Paulo e Brasília. A vida minimalista e puritana das pessoas que a cercam trazem uma atemporalidade para a narrativa, que parece perdida num passado remoto. Porém, a presença de um gravador ou uma picape são indícios de que o tempo não é tão distante assim. Rachel e seus parentes vivem despojados e em comunhão com Deus, fechados numa visão de mundo um tanto irreal, uma espécie de pensamento mágico. A mãe da protagonista, Gay Lynn (Cynthia Watros), diz que seu nascimento foi uma concepção imaculada. Quando, depois de ouvir uma música numa fita azul num gravador que seu irmão (Liam Aiken) esconde, a garota pensa que está grávida. A música é um cover de "Hanging on the Telephone", da banda The Nerves, que ficou famosa numa gravação do Blondie. Rachel acredita firmemente que a fita e a voz dentro dela lhe deram o dom da vida. O líder da comunidade, Paul (Billy Zane), não acredita nessa história, e pensa que o irmão, curiosamente chamado de Sr. Will, a engravidou. Quando ela descobre que será forçada a um casamento, foge e vai parar em Las Vegas, sem saber que o irmão está na carroceria da caminhonete de Paul que ela levou. Um novo mundo se abre para Rachel e Mr. Will, que reagem de forma diferente a essa oportunidade. Eles conhecem alguns jovens, entre eles Clyde (Rory Culkin), garoto rebelde de espírito livre, que vive com outras pessoas de sua idade numa espécie de comunidade de skatistas, artistas e músicos em que correm soltos sexo, drogas e rock'n'roll. Rebecca Thomas, que também assina o roteiro, é uma estreante promissora e capaz de fugir de armadilhas óbvias nas quais o filme poderia facilmente cair. Mas nem sempre ela dribla sua inexperiência e, algumas vezes, resolve problemas com muita facilidade ou não consegue introduzir nuances nos personagens -especialmente os secundários. Mas o talento e a beleza da atriz principal, cuja entrega ao personagem e compreensão de sua dimensão psicológica parecem completas, são capazes de amenizar esse aspecto. (Por Alysson Oliveira, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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