Estudantes fazem vigília pró-Tibet em Pequim

PUBLICIDADE

Por IAN RANSOM E CHRIS BUCKLEY
Atualização:

Estudantes de origem tibetana realizaram na segunda-feira uma vigília à luz de velas em Pequim, dizendo rezar pelos mortos, após o governo advertir que os manifestantes anti-China na capital do Tibet devem se render. A polícia manteve os jornalistas bem afastados do protesto pacífico realizado por dezenas de estudantes, aparentemente de etnia tibetana, dentro da Universidade Central para as Nacionalidades. Manifestações públicas de dissidência, como essa, são muito raras na China, especialmente neste ano de Olimpíada. "Foi só para rezar pela alma dos mortos", disse um aluno de etnia tibetana, oriundo da província de Gansu (noroeste), que foi mantido afastado da atividade pelos guardas. O governo determinou que os manifestantes que provocaram distúrbios na sexta-feira em Lhasa, capital do Tibet, se rendessem até a noite de segunda, sob risco de sofrerem uma repressão ainda maior. Exilados tibetanos em Dharamsala (Índia) estimaram no domingo que tenha havido 80 mortos nos protestos de sexta-feira contra o domínio chinês. Qiangba Puncog, presidente do governo regional tibetano, disse que apenas "13 civis inocentes" morreram, e que dezenas de policiais e soldados ficaram feridos. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, se disse "cada vez mais preocupado" com os relatos de violência no Tibet. "Peço moderação por parte das autoridades e conclamo todos os envolvidos a evitarem mais confrontos e violência", afirmou em Nova York. Em Lhasa, um comerciante muito afetado pelos distúrbios, perto do mercado central, disse que não soube de nenhum manifestante se entregando ou informando à polícia sobre supostos arruaceiros. "Estamos esperando o tempo passar", afirmou. Conforme o prazo se aproximava, um porta-voz chinês disse a jornalistas que o regime não vai fazer acordos com o Dalai Lama, líder exilado dos tibetanos, nem vai rever suas políticas para o Tibet. Liu Jianchao, porta-voz da chancelaria, disse que os distúrbios foram organizados por seguidores do Dalai Lama na região e no exterior. "Não é uma questão étnica, não é uma questão religiosa ou cultural. Na raiz, é o problema fundamental da camarilha do Dalai buscando separar o Tibet da China". O Dalai Lama diz defender a autonomia do Tibet dentro da China, mas não a independência. Ele também nega ser o responsável pelos protestos. A União Européia pediu a autoridades e manifestantes que evitem a violência e disse que um boicote à Olimpíada de agosto não seria a resposta ideal. A Rússia estimulou a China a fazer o que for preciso para contar "ações ilegais" no Tibet. Uma breve nota da chancelaria não fez críticas ao comportamentos das autoridades. Há manifestações diárias pró-Tibet em todo o mundo desde segunda-feira. No domingo, a polícia francesa usou gás lacrimogêneo para dispersar cerca de 500 manifestantes diante da embaixada chinesa em Paris. Houve incidentes em missões diplomáticas em Nova York e na Austrália. "Condenamos fortemente a ação violenta dos ativistas pela independência do Tibet [em embaixadas no exterior]", disse o porta-voz Liu. (Reportagem adicional de Benjamin Kang Lim e Lindsay Beck em Pequim, Jonathan Allen em Dharamsala, Guy Faulconbridge em Moscou e Claudia Parsons nas Nações Unidas em Nova York)

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.