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Estudo aponta redução na destruição da mata atlântica

A maior redução em área devastada, de 95%, aconteceu no Espírito Santo

Por Carolina Freitas
Atualização:

A área de mata atlântica desmatada no Brasil diminuiu 69% de 2000 a 2005 em relação ao período de 1995 a 2000. No primeiro período, o Brasil derrubou 445,9 mil hectares do bioma e, no segundo, 138,8 mil hectares, segundo informações do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, apresentado na manhã desta terça-feira, 27, pela Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo o coordenador técnico do estudo pelo Inpe, Flavio Ponzoni, a redução na área desmatada deve ser comemorada, mas reflete outro dado preocupante: "Resta pouco a desflorestar em vários Estados. Se há pouco, se desfloresta pouco", afirmou. Segundo o Atlas, a mata atlântica ocupa hoje apenas 7,26% de sua área original, que era de 1,3 milhão de km². Atualmente, restam não mais que 97,6 mil km² do bioma. A maior redução em área devastada, de 95%, aconteceu no Espírito Santo. Enquanto de 1995 a 2000 foram derrubados 16,9 mil hectares de mata atlântica, de 2000 a 2005, foram 778 hectares. Em São Paulo, a diminuição foi de 50,5 mil hectares para 4,7 mil hectares - queda de 91%. No Rio de Janeiro, baixou de 4,1 mil hectares para 628 hectares a área desflorestada, redução de 85%. Para a diretora de Gestão do Conhecimento e coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota, os dados são uma "ótima notícia", apesar de o problema persistir. "O levantamento deu os primeiros sinais de esperança nesse começo de século", disse. "Mas os desmatamentos continuam acontecendo, o que exige atenção do poder público, das ONGs e do cidadão." Relevo acidentado Segundo Marcia, a situação melhorou no ES, SP e RJ porque a mata que sobrou está em relevo acidentado, onde o desmatamento ocorre em áreas menores. Em São Paulo, a situação é crítica na divisa com Minas, próximo a Poços de Caldas, e no Vale do Ribeira. Segundo Ponzoni, são agentes da devastação na área o desenvolvimento das cidades, a especulação imobiliária e o crescimento populacional. Na opinião de Ponzoni, não há iniciativas concretas de preservação nem mesmo nas regiões onde diminuiu o desmatamento e "nos Estados onde ainda há algo a ser alterado, as taxas se mantiveram elevadas". Santa Catarina foi o Estado em que mais se desmatou, com a derrubada de 45,5 mil hectares de mata atlântica. O desmatamento na região aumentou 7% no período em relação aos dados de 1995 a 2000. Em seguida vieram Minas Gerais, com 41,3 mil hectares desmatados, e a Bahia, com 36 mil hectares. Jequitinhonha Apesar disso, Minas conseguiu reduzir em 66% a área desmatada, que havia sido de 121,1 mil de 1995 a 2000. Não há dados anteriores sobre a Bahia. Para Ponzoni, os motivos que levaram à devastação nas regiões foram "a especulação imobiliária na região serrana e a agropecuária nas áreas planas." Ponzoni destaca que Minas tem hoje 9,92% de sua área original de mata atlântica e que a região mais crítica é o Vale do Jequitinhonha. "A agricultura tem sido uma vilã incontestável", afirma. A Fundação e o Inpe fizeram ainda uma análise por município com dados de 2005 a 2007 de 51 municípios com maior área de mata atlântica derrubada. Os três municípios que mais perderam cobertura vegetal nativa no período são catarinenses: Mafra, onde se desmatou 1,7 mil hectares, Itaiópolis, com 1,1 mil, e Santa Cecília, com 1 mil hectares derrubados.

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