Estudo diz que aquecimento global gera mais bancos de gelo na Antártica

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Por ALISTER DOYLE
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O aquecimento global está aumentando a área de bancos de gelo em volta da Antártica durante o inverno. A mudança é resultado do efeito da água que derrete do gelo durante o verão e que volta a se congelar rapidamente quando a temperatura cai. A conclusão é de um estudo divulgado neste domingo. Um derretimento de gelo crescente nos limites da Antártica durante o verão, associado com menos nevascas do que o esperado no continente, está aumentando levemente o nível do mar, diz o estudo. Cientistas têm se esforçado para explicar porque, por exemplo, os bancos de gelo em volta da Antártica alcançaram uma extensão recorde no inverno de 2010, quando o gelo no Oceano Ártico, no outro limite do planeta, diminuiu e chegou a uma baixa recorde em 2012. "Os bancos de gelo em volta da Antártica aumentam apesar do clima global esquentar", disse Richard Bintanja, do holandês Instituto Real Meteorológico, líder do estudo. "Isso é causado pelo derretimento das camadas de gelo, afirmou ele à Reuters sobre os resultados da pesquisa, publicados no jornal Nature Geoscience. Quando o gelo da costa da Antártica derrete no verão por causa do aumento da temperatura do mar, a água produzida flutua sobre a mais densa e quente água salgada. No inverno, a água do derretimento do gelo sobre o mar volta a se congelar. No pico do inverno, o gelo sobre o mar em volta da Antártica cobre uma área de cerca de 19 milhões de quilômetros quadrados, maior do que a extensão terrestre do continente. À medida que o verão se aproxima, ele derrete no oceano. VENTOS Paul Holland, da organização britânica British Antarctic Survey, defende as conclusões da sua pesquisa feita no ano passado. Segundo o estudo, uma mudança nos ventos, relacionada às transformações no clima, está levando para mais distante a camada de água derretida sobre mar e aumentando o volume de gelo no inverno. "A possibilidade é que o aumento real se deve ao vento e aos efeitos da água derretida. Essa seria a minha hipótese, com o efeito da água derretida sendo o menor entre os dois", afirmou ele. O estudo de Bintanja também afirma que a camada mais fria de água sobre o mar pode limitar a quantidade de água que sai do oceano e volta como neve sobre a Antártica, já que o ar mais frio é menos úmido.

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