Estudo identifica novos genes ligados a sete doenças

Cientistas crêem que, no futuro, será possível submeter as pessoas a testes que revelarão, com base nos genes, as doenças que correm mais risco de ter

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Por Redação
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O maior estudo já realizado sobre doenças hereditárias identificou 15 novos genes que podem ser considerados fatores de risco para pelo menos sete doenças, incluindo diabetes e distúrbio bipolar. O estudo, publicado na revista Nature, analisou o DNA retirado de amostras sanguíneas de 14 mil pessoas (duas mil para cada tipo de doença), que foram comparadas com as amostras de 3 mil pessoas saudáveis. Como resultado, os cientistas envolvidos no estudo encontraram variações genéticas associadas a distúrbio bipolar, doença de Crohn, doença coronária, hipertensão, artrite reumática e diabetes dos tipos 1 e 2. Em poucos meses, os pesquisadores descobriram 15 genes com os quais nunca haviam sido associadas doenças. As descobertas, comemoradas pelos cientistas como revolucionárias, se devem em boa parte ao fato de eles terem utilizado um método muito mais rápido e preciso de vasculhar o genoma do que o que se usava antes. Pallab Ghosh, especialista em ciência da BBC, afirma que, antes, o trabalho era como pescar em meio aos cerca de 25 mil genes que compõem o genoma, o que fazia com que o processo fosse lento e pouco confiável. Desta vez, diz Ghosh, a busca foi feita de forma muito mais sistemática, o que permitiu realizar a busca em todo o patrimônio genético do grupo estudado. Tratamentos personalizados O cientista que liderou o estudo, Peter Donnelly, afirma que ele e os seus 200 colegas envolvidos no trabalho aprenderam mais, nos últimos 12 meses, do que em 15 anos. "Ao identificar os genes associados a essas condições, o nosso estudo deve permitir que cientistas entendam melhor como a doença funciona, quais pessoas correm maior risco e como produzir tratamentos mais personalizados e mais efetivos", disse Donnelly. Os cientistas acreditam que, no futuro, será possível submeter as pessoas a testes em busca de combinações de genes específicas que revelem o risco que elas correm e, assim, orientá-las a mudar o estilo de vida ou realizar exames de rotina. O estudo reuniu 50 equipes de cientistas no consórcio Wellcome Trust Case Control Consortium (WTCCC) e custou cerca de 9 milhões de libras (cerca de R$ 36 milhões). Muitos dos genes identificados no estudo do WTCCC estavam em partes do genoma que antes se pensava não estarem associadas com doenças. "Se você pensar no genoma como uma longa estrada escura na qual você está tentando se encontrar, antes nós conseguíamos acender as luzes em apenas um pequeno número de lugares, mas agora nós podemos iluminar um grande número de lugares - nesse caso, meio milhão de luzes." Uma das descobertas mais surpreendentes está ligada a um gene, até então desconhecido, associado à diabete do tipo 1 e à doença de Crohn, uma inflamação do intestino, o que sugere que elas têm caminhos biológicos parecidos. O projeto do WTCCC já contribuiu para estudos recentes sobre o gene da obesidade, além de três novos genes ligados à diabete do tipo 2 e a uma região genética no cromossomo 9 associada a doenças coronárias.

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