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EUA impõem sanções a aliados de Putin; violência continua na Ucrânia

Por MARIA TSVETKOVA E THOMAS GROVE
Atualização:

Os Estados Unidos impuseram novas sanções contra aliados do presidente russo, Vladimir Putin, nesta segunda-feira, o que levou o governo russo a denunciar o uso de táticas da "Guerra Fria" enquanto continuam os atos de violência no leste da Ucrânia. A decisão de proibir a concessão de vistos e congelar ativos de amigos de Putin, como Igor Sechin, dirigente da gigante russa de petróleo Rosneft, também atraiu a fúria dos críticos internos do presidente norte-americano, Barack Obama, que a qualificou de "puxão de orelhas", mesmo enquanto os aliados europeus dos EUA discutiam sobre como seguir o exemplo sem afetar gravemente as suas economias. A nova rodada de sanções, seguindo as impostas no mês passado, quando a Rússia anexou a Crimeia, mal foi notada no leste da Ucrânia, onde os rebeldes pró-Moscou mantêm refém um grupo de alemães e de observadores militares da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) há quatro dias. Apesar da operação militar ucraniana para conter a ação dos insurgentes, os militantes pró-Rússia ampliaram seu raio de ação, ocupando edifícios públicos importantes em outra cidade na região de Donetsk. Na capital regional, os ativistas armados com bastões puseram fim a uma manifestação de partidários do governo central ucraniano, apoiado pelo Ocidente. E o prefeito de Carcóvia, segunda maior cidade da Ucrânia, foi gravemente ferido por um homem armado, o que provocou o temor de que distúrbios possam irromper nessa região de população de língua russa, que estava mais calma do que as províncias vizinhas de Donetsk e Luhansk. As sanções norte-americanas têm como alvo, segundo o governo em Washington, os "camaradas" de Putin. Sete homens, incluindo Sechin, foram alvo de proibições de concessão de vistos e congelamento de quaisquer bens nos Estados Unidos, e 17 empresas também foram enquadradas na punição. Os países da UE adicionaram 15 nomes à sua lista negra, a ser revelada na terça-feira. "O objetivo não é ir atrás de Putin pessoalmente", disse Obama. "O objetivo é mudar o seu cálculo no que diz respeito à forma como as ações nas quais ele está se envolvendo na Ucrânia poderão ter um impacto negativo sobre a economia russa em longo prazo." Havia poucos sinais de uma mudança rápida nas estratégias de Putin, que os críticos acusam de estar estimulando o medo entre os russos étnicos a fim de redesenhar as fronteiras pós-soviéticas e reconstruir o império sob o controle de Moscou. "Washington está revivendo... um método antigo de restringir a cooperação normal, desde os tempos da Guerra Fria, essencialmente se enfurnando em um armário escuro, empoeirado, de eras passadas", disse o vice-chanceler Sergei Ryabkov, descrevendo as sanções como ilegítimas, não civilizadas e em violação ao direito internacional. As sanções não vão ajudar a resolver os problemas na Ucrânia, afirmou ele, e foram baseadas em uma visão dos eventos do país "absolutamente distorcidas". Ambos os lados continuam a apresentar versões diametralmente opostas dos acontecimentos na Ucrânia. Países ocidentais veem como legítimos os líderes que tomaram o poder depois que o presidente Viktor Yanukovich, apoiado pelos russos, fugiu para a Rússia em fevereiro e acreditam que Putin está tentando minar seus esforços para realizar uma eleição. Para Moscou, no entanto, eles são "fascistas" e "golpistas", nacionalistas ucranianos antirrussos contra os quais a população de língua russa na Crimeia e no leste da Ucrânia se revoltou em defesa própria, visão que transmite para a Ucrânia por meio da mídia estatal da Rússia.

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