EUA oferecem apoio a ONGs críticas a Putin

Em visìta a Rússia, secretária americana prometeu ajuda a grupos de direitos humanos.

PUBLICIDADE

Por BBC Brasil
Atualização:

A secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, prometeu apoio dos Estados Unidos a grupos de direitos humanos russos críticos ao presidente Vladimir Putin, em um episódio que pode tensionar ainda mais as relações entre Washington e Moscou. Rice, que está em visita à capital russa e se encontrou com representantes dos ativistas, disse que quer colaborar para a construção de instituições nativas à Rússia que protejam os direitos humanos face ao poder arbitrário do Estado. As declarações foram dadas em meio a um mal-estar nas relações entre os dois países, um dia depois que os Estados Unidos rejeitaram apelos russos para suspender a construção de um sistema antimísseis no Leste Europeu. Antes do encontro com a secretária americana, uma das representantes dos ativistas pediu aos Estados Unidos que condenassem publicamente o que chamou de "tendência a uma sociedade democrática sufocante e negligente com os direitos humanos". "Existe no nosso país uma tendência à regressão no que diz respeito à democracia baseada no Estado de direito. Os direitos constitucionais dos cidadãos e as obrigações assumidas em acordos internacionais em relação aos direitos humanos estão sendo constantemente violados", disse a ativista Lyudmila Alekseyeva, do Moscow Helsinki Group. A Rússia nega as acusações. Nesta semana, o presidente russo governo tentou desqualificar as críticas das organizações não-governamentais. "É muito ruim quando essas organizações começam a ser usados por alguns Estados contra outros Estados como ferramenta para alcançar seus objetivos de política externa", declarou Putin à agência de notícias russas Itar-Tass, depois de um encontro entre ativistas e o presidente francês, Nicolas Sarkozy. O apoio americano a grupos contrários a Putin deve causar irritação na Rússia, um dia depois de Washington rejeitar pedidos russos para voltar atrás na construção de um sistema antimísseis na Polônia e na República Checa - países que viveram sob influência de Moscou desde o fim da Segunda Guerra Mundial até a dissolução da União Soviética, em 1991. Em uma reunião com Condoleezza Rice na sexta-feira, o ministro do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov, disse que seu país vê o sistema antimísseis dos Estados Unidos como uma "ameaça potencial", e que a realização do projeto poderia levar a Rússia a abandonar o tratado Forças Nucleares Intermediárias (INF, na sigla em inglês), de não-proliferação de armas nucleares. As autoridades russas prefeririam que os Estados Unidos utilizassem um sistema de defesa formado por radares operados pela Rússia no Azerbaijão. O governo americano afirma que o sistema russo pode ser usado, mas não está capacitado para guiar mísseis de interceptação, e que novas instalações são necessárias para defender as nações ocidentais de "países hostis", como Irã e Coréia do Norte. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.