EUA reafirmam posição contra limite para emissões de CO2

´Estamos muito bem´ sem restrições obrigatórias, diz o negociador americano, Harlan Watson, afirmando que a política de seu país não mudará no governo Bush

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Por Agencia Estado
Atualização:

O principal negociador dos Estados Unidos para a questão da mudança climática defendeu a posição de seu governo contra limites obrigatórios para as emissões de gases que causam o efeito estufa, e disse que essa postura dificilmente mudará durante o governo de George W. Bush. Na abertura da conferência de duas semanas sobre o tratado das Nações Unidas a respeito da mudança climática, Harlan Watson afirmou que seu país está fazendo mais para conter as emissões de gases do efeito estufa, por meio de ações voluntárias, do que alguns países comprometidos com o Protocolo de Kyoto, rejeitado pelo governo Bush. "Salvo poucas exceções, o que se vê são as emissões aumentando de novo", disse Watson, referindo-se às nações signatárias do acordo, que impõe metas para a redução da emissão dos gases que alteram o clima. Relatório recente das Nações Unidas informa que as emissões de gás carbônico, o principal componente do efeito estufa, voltaram a aumentar, com a retomada do crescimento econômico na Europa Oriental. Outro texto recente, sobre a situação na União Européia, diz que o bloco só conseguirá cumprir seus compromissos com Kyoto se alguns países aceitarem sacrifícios extras, para cobrir as falhas de outros. Países em desenvolvimento, a União Européias e ambientalistas querem que os EUA aceitem cortes obrigatórios para depois de 2012, quando Kyoto expira. "A comunidade internacional terá de assumir uma ação muito Amis ambiciosa após 2012", diz nota emitida por Stavros Dimas, comissário de Meio Ambiente da União Européia. Ele afirma que é preciso haver um "consenso internacional", em torno de um sistema de controles que envolva também o maior poluidor, os Estados Unidos. "É preciso um compromisso comum", declarou o ministro queniano do Meio Ambiente, Kivutha Kibwana, eleito para presidir, por um ano, o organismo responsável por administrar o tratado da ONU sobre mudança climática, firmado em 1992. O acordo de Kyoto, assinado em 1997, é um anexo do tratado anterior, e exige que 35 países industrializados reduzam suas emissões de gases do efeito estufa até 5% abaixo do nível registrado em 1990, até 2012. Durante a reunião que tem início nesta segunda-feira, 6, em Nairóbi, os países envolvidos com o Protocolo de Kyoto continuarão a discutir quais metas e cronogramas deverão ser implementados após 2012. Mas muitos, antes de assinar qualquer compromisso, querem ver o que os Estados Unidos farão. O país é responsável por 21% dos gases de efeito estufa do mundo. As palavras de Watson parecem implicar que, ao menos pelos próximos dois anos, os americanos não aceitarão cortes obrigatórios. Os números da ONU citados por Watson mostram que, numa determinada escala, os EUA estão se saindo melhor na contenção dos gases do aquecimento global do que outros países. "Quando se olha para os números, estamos muito bem", declarou. O relatório citado por Watson afirma que as emissões dos EUA cresceram, entre 2000 e 2004, 1,3%, contra 2,4%, na média de 41 países industrializados. Mas, quando se comparam os números com o ano adotado como padrão no Protocolo de Kyoto, 1990, a figura muda: as emissões globais dos países industrializados caíram 3,3% - em parte, por conta do colapso econômico que se seguiu ao fim da União Soviética - enquanto que a poluição gerada nos EUA cresceu 16%. Entre os países que aceitaram as imposições do tratado, a Alemanha cortou suas emissões em 17% entre 1990 e 2004. A Grã-Bretanha, em 14% e a França, em quase 1%.

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