Ex-preso por ligação com terrorismo será premiê no Peru

Yehude Simon cumpriu oito anos e meio de prisão por apologia ao terrorismo.

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Por Michelle Marinho
Atualização:

O presidente do Peru, Alan García, indicou um ex-detento, fundador de um movimento suspeito de ter ligações com um grupo extremista, para ser o seu novo primeiro ministro. Yehude Simon, governador da região de Lambayeque (norte do país) cumpriu prisão por oito anos e meio sob a acusação de apologia ao terrorismo durante o governo do presidente Alberto Fujimori (1990-2000). Em 2002, Simon foi eleito governador de Lambayeque, derrotando o partido do atual presidente, Alan Garcia, e foi reeleito em 2006. O novo primeiro-ministro tem um alto índice de popularidade - o que falta a García, cujo governo tinha a aprovação de apenas 19% dos peruanos antes da crise política que levou todo o seu gabinete a renunciar, na quinta-feira. Escolha estratégica Yehude Simon foi fundador do Movimento Patria Libre, suspeito de ter vínculos com o Movimento Revolucionário Túpac Amaru (MRTA), um grupo extremista fundado em 1984. Sua escolha para ser primeiro-ministro cargo foi considerada estratégica pelos analistas políticos. Trata-se de um político respeitado por setores conservadores e radicais. "Yehude é um negociador e vai ser uma peça-chave para o governo de Alan García, para solucionar os conflitos sociais que existem no país, principalmente nas regiões mineiras. Apesar da riqueza que geram, estas zonas são as mais pobres do país", afirma o analista Mario Escudero. Apesar de um crescimento econômico de mais de 7% por ano durante a última década, um dos maiores da América Latina, os setores mais pobres da população peruana, concentrados na região andina, ainda não sentem os efeitos dos índices positivos. O setor mineiro é um dos principais responsáveis do PIB peruano e responde por mais de 50% das exportações. Os trabalhadores das minas e os habitantes destas regiões pedem a participação nos benefícios e lucros do setor. Fuga A atual crise política foi desencadeada pela divulgação de gravações, conseguidas por meio de grampos telefônicos, que envolvem membros do partido do governo com atos de corrupção. As gravações revelam a concessão irregular de cinco zonas de exploração de petróleo a uma empresa norueguesa, a Discover Petroleum. Rómulo León, ex-ministro de Alan Garcia e um dos protagonistas do escândalo, está foragido desde segunda-feira, um dia depois de o escândalo ter vindo à tona. Há informações de que ele teria fugido para a Argentina, apesar da segurança no aeroporto ter sido reforçada. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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