
15 de maio de 2014 | 20h19
Na primeira entrevista para um veículo internacional de comunicação às vésperas da eleição de 26 e 27 de maio, Sisi pediu a retomada da ajuda militar norte-americana, avaliada em 1,3 bilhão de dólares anuais, que foi parcialmente congelada depois da repressão à Irmandade Muçulmana.
Questionado sobre que mensagem tem para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, Sisi disse: “Estamos travando uma guerra contra o terrorismo”.
“O Exército egípcio está conduzindo grandes operações no Sinai para que este não seja transformado em uma base para o terrorismo que irá ameaçar seus vizinhos e desestabilizar o Egito. Se o Egito estiver instável, a região inteira fica”, afirmou o general, de fala mansa, vestindo um terno escuro.
“Precisamos de apoio e de equipamento norte-americano para combater o terrorismo.”
Sisi disse que a vizinha Líbia, que mergulhou no caos na esteira da revolta apoiada pelo Ocidente que derrubou Muammar Gaddafi, está se tornando uma grande ameaça de segurança para o Egito, já que jihadistas se infiltram pela fronteira para combater as forças de segurança.
Ele afirmou que o Ocidente precisa entender que o terrorismo chegará às suas portas a menos que ajude a erradicá-lo. “O Ocidente tem que prestar atenção ao que acontece no mundo – o mapa do extremismo e sua expansão. Este mapa chegará a vocês inevitavelmente”, declarou.
A SÍRIA É O NOVO AFEGANISTÃO?
Sisi destacou a necessidade de manter a unidade síria, dando um cutucão na política ocidental para a Síria, onde o apoio dos EUA e da Europa aos rebeldes que lutam há três anos para depor o presidente sírio, Bashar al-Assad, testemunhou uma proliferação do jihadismo e a fragmentação do país.
“Senão, veremos outro Afeganistão”, disse. “Não acho que vocês querem criar outro Afeganistão na região”.
Sisi disse que o Exército foi obrigado a intervir no levante popular contra o governo da Irmandade Muçulmana.
“Quanto mais o tempo passa, mais claro fica para todos. As pessoas e o mundo percebem que o que aconteceu no Egito foi a vontade de todo o povo egípcio”, afirmou Sisi no hotel cuja propriedade é compartilhada com o Exército.
“O Exército não poderia ter abandonado o seu povo, ou teria havido uma guerra civil, e não sabemos onde isso nos teria levado. Entendemos a posição norte-americana. Esperamos que eles entendam a nossa”.
A Irmandade foi banida como uma organização terrorista em dezembro. O ex-presidente Mursi, deposto em julho depois de enormes protestos, enfrenta acusações que podem levar à pena de morte, enquanto a guia espiritual do grupo, Mohamed Badie, foi condenado à morte junto a centenas de seguidores.
PROVÁVEL VITÓRIA
Sisi deve vencer a eleição deste mês com facilidade. O único outro candidato é o político de esquerda Hamdeen Sabahi.
Se Sisi for eleito presidente, irá se tornar o mais recente de uma série de governantes egípcios de origem militar desde que o Exército depôs a monarquia em 1952 – um padrão brevemente interrompido pela eleição de Mursi, que ficou um ano no cargo.
Ressaltando a hostilidade duradoura dos militares contra a Irmandade, Sisi disse que o grupo se tornou irrelevante na sociedade egípcia e descartou qualquer reconciliação com o mais antigo e poderoso movimento islâmico do Oriente Médio.
“Eles perderam sua conexão com os egípcios”, afirmou Sisi, acusando-os de violência, o que o grupo nega.
“A violência injustificada contra os egípcios fez com que não somente perdessem a simpatia do povo, mas também acabou com qualquer chance real de reconciliação com a sociedade”.
(Reportagem adicional de Samia Nakhoul, Michael Georgy e Yasmine Saleh)
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