A SÍRIA É O NOVO AFEGANISTÃO?
Sisi destacou a necessidade de manter a unidade síria, dando um cutucão na política ocidental para a Síria, onde o apoio dos EUA e da Europa aos rebeldes que lutam há três anos para depor o presidente sírio, Bashar al-Assad, testemunhou uma proliferação do jihadismo e a fragmentação do país.
“Senão, veremos outro Afeganistão”, disse. “Não acho que vocês querem criar outro Afeganistão na região”.
Sisi disse que o Exército foi obrigado a intervir no levante popular contra o governo da Irmandade Muçulmana.
“Quanto mais o tempo passa, mais claro fica para todos. As pessoas e o mundo percebem que o que aconteceu no Egito foi a vontade de todo o povo egípcio”, afirmou Sisi no hotel cuja propriedade é compartilhada com o Exército.
“O Exército não poderia ter abandonado o seu povo, ou teria havido uma guerra civil, e não sabemos onde isso nos teria levado. Entendemos a posição norte-americana. Esperamos que eles entendam a nossa”.
A Irmandade foi banida como uma organização terrorista em dezembro. O ex-presidente Mursi, deposto em julho depois de enormes protestos, enfrenta acusações que podem levar à pena de morte, enquanto a guia espiritual do grupo, Mohamed Badie, foi condenado à morte junto a centenas de seguidores.
PROVÁVEL VITÓRIA
Sisi deve vencer a eleição deste mês com facilidade. O único outro candidato é o político de esquerda Hamdeen Sabahi.
Se Sisi for eleito presidente, irá se tornar o mais recente de uma série de governantes egípcios de origem militar desde que o Exército depôs a monarquia em 1952 – um padrão brevemente interrompido pela eleição de Mursi, que ficou um ano no cargo.
Ressaltando a hostilidade duradoura dos militares contra a Irmandade, Sisi disse que o grupo se tornou irrelevante na sociedade egípcia e descartou qualquer reconciliação com o mais antigo e poderoso movimento islâmico do Oriente Médio.
“Eles perderam sua conexão com os egípcios”, afirmou Sisi, acusando-os de violência, o que o grupo nega.
“A violência injustificada contra os egípcios fez com que não somente perdessem a simpatia do povo, mas também acabou com qualquer chance real de reconciliação com a sociedade”.
(Reportagem adicional de Samia Nakhoul, Michael Georgy e Yasmine Saleh)