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Exportação de trigo do Brasil salta em janeiro para 402 mil t

Por ROBERTO SAMORA
Atualização:

As exportações de trigo do Brasil atingiram 402 mil toneladas em janeiro, mais que o dobro das registradas no mesmo período do ano passado (198,4 mil t), informou um analista do governo nesta quarta-feira. Os embarques aumentaram expressivamente também em relação a dezembro, quando o Brasil exportou 112,6 mil toneladas. "Foi um bom volume, em fevereiro deve sair mais essa quantidade (de janeiro), em março também", afirmou o analista de mercado de trigo da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Paulo Magno Rabelo. As exportações ficaram próximas das expectativas do mercado. O Brasil é um tradicional importador de trigo, mas em algumas temporadas exporta parte de sua produção --o excedente daquele trigo não apreciado para a fabricação de farinha para panificação, o setor que responde pela principal demanda nacional. Esse trigo exportado, geralmente o cereal do Rio Grande do Sul, ainda encontra grande demanda em países do norte da África, o principal mercado para o produto brasileiro. Nesta temporada, os participantes do mercado ainda contaram com um programa do governo (PEP) que apoia a comercialização e subsidia o frete do produto até os portos, o que acabou auxiliando nas vendas externas. O governo negociou em leilões públicos prêmios para 1,8 milhão de toneladas de trigo da última safra, cuja colheita foi abundante, de 5,9 milhões de toneladas, ante 5 milhões de toneladas no período anterior. A maior parte do PEP negociado deve ser destinado a exportações. Além disso, os preços internacionais do trigo elevados também têm colaborado com as exportações, segundo participantes do mercado. Rabelo só disse estar preocupado com o início da temporada de exportações de soja, que poderia disputar espaço nos portos com o trigo. Mas ele ponderou que os exportadores já devem ter agendado os seus navios. "A soja entra pesado, além do milho, que está saindo muito", assinalou. Mesmo assim, a expectativa do mercado é que o país possa igualar ou até superar este ano as exportações registradas em 2010, que somaram 1,31 milhão de toneladas, volume praticamente igual ao recorde de embarques registrado em 2004 (1,32 milhão), segundo dados do Ministério da Agricultura. Em janeiro, a Argélia apareceu como o principal mercado para o trigo do Brasil, levando cerca de 190 mil toneladas, seguida pela Tunísia (50 mil t), Quênia (36,7 mil t), Turquia (31,6 mil t), Sudão (33 mil t) e Líbia (25 mil t). A China foi importadora de 12 mil toneladas, segundo dados do funcionário do governo. "Não saiu para o Egito, que tem sido um comprador do trigo do Brasil, não sei se isso tem relação com os problemas lá", disse Rabelo, referindo-se aos conflitos civis no país. IMPORTAÇÃO Já as importações de trigo do Brasil em janeiro somaram 525,5 mil toneladas, contra 507,5 mil toneladas no mesmo período do ano passado e praticamente o mesmo volume importado em dezembro (506 mil toneladas), segundo dados do ministério. Do total importado pelo Brasil, 67 por cento veio da Argentina, tradicionalmente o maior fornecedor para o Brasil, que colheu uma grande safra em 2010/11, de cerca de 14 milhões de toneladas. A Argentina, que costuma controlar suas vendas externas para proteger o mercado interno, autorizou nesta quarta-feira a exportação de mais 1 milhão de toneladas de trigo. Em janeiro, o Uruguai forneceu 21 por cento das importações do Brasil, e o Paraguai, 11 por cento.

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