Fabricantes de equipamentos para etanol querem ajuda do governo

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Por INAE RIVERAS
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Os fornecedores brasileiros de equipamentos para indústria de açúcar e etanol pediram ajuda financeira ao governo, conforme a restrição de crédito atinge os planos e as operações de investimentos das usinas, informou a principal companhia do setor na segunda-feira. Cerca de 20 por cento da expansão das usinas ou dos projetos de crescimento sustentável já em andamento foram adiados, e 35 por cento das instalações, que deveriam entrar em operação em 2011-2012 foram paralisadas, segundo a Dedini, maior fabricante do Brasil de equipamentos de biocombustíveis. "A suspensão ou atraso nos projetos está nos afetando profundamente", disse o vice-presidente de operações da companhia, Antonio Carlos Christiano. Os investimentos nos setores de açúcar e etanol do país eram estimados em 33 bilhões de dólares, de 2005 a 2012, por um conjunto de investidores, incluindo fundos privados, tradings e companhias de petroquímica. Neste ano, 27 usinas entraram em funcionamento, dentro de um total de 80 programadas para operar até 2012. Christiano acrescentou que havia alguns casos de usinas entrando em falência. "Algumas companhias estão tendo problemas para honrar seus pagamentos e isso reduz nosso capital de giro. Isso é um problema, especialmente considerando que às vezes nós também temos que pagar os fornecedores de equipamentos", afirmou Christiano. O setor de etanol do Brasil, produzido a partir da cana-de-açúcar, aumentou nos últimos anos devido ao crescimento da demanda local e à projeção de alta das exportações. Mas, a própria indústria de açúcar e etanol manteve recentes conversas com o governo federal sobre o acesso ao crédito. A turbulência financeira global afetou fortemente a disponibilidade de crédito, o que esgotou as linhas de financiamento e tornou as existentes mais caras. A indústria foi alavancada consideravelmente nos últimos anos, à medida que as companhias investiram para ampliar o plantio de cana e a capacidade de moagem do segmento, que também enfrentou baixos preços de açúcar e etanol recentemente. Uma das propostas discutidas entre os fabricantes de equipamentos e as autoridades é que os recursos já aprovados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) devem ser liberados diretamente aos fornecedores de maquinários, e não para as usinas como acontece normalmente. Os ministros que compareceram no primeiro dia (segunda-feira) da Conferência Internacional de Biocombustíveis, patrocinada pelo Estado de São Paulo, não comentaram sobre a possibilidade de medidas para os setores de açúcar e etanol. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, entretanto, disse que o governo "está alerta com os interesses do setor". As usinas estão à procura de crédito, principalmente para financiar os estoques de etanol durante o período entre safras (janeiro-março) e para exportar açúcar. Ainda há cerca de 7 a 8 milhões de toneladas de açúcar a serem embarcadas nos próximos meses até o começo da safra seguinte, em abril de 2009. As companhias apostam intensamente nas linhas de crédito dos bancos e das tradings para exportarem o produto. A restrição de crédito resultante da crise financeira global também deve impulsionar fusões e aquisições no setor. "Os 200 grupos existentes hoje serão reduzidos pela metade em 10 a 20 anos. Esta não é uma perspectiva de curto prazo, mas a crise vai acelerar este movimento", declarou Marcos Jank, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

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