Faculdades particulares pedem fiador para curso de Medicina

Instituições alegam que infraestrutura é cara e precisam se proteger contra a inadimplência

PUBLICIDADE

Por Mariana Mandelli
Atualização:

Algumas faculdades particulares estão exigindo fiador no contrato da matrícula. A medida ocorre principalmente nas instituições que oferecem cursos de Medicina, já que esses costumam ter as mensalidades mais caras. A exigência, segundo as universidades, é para evitar a inadimplência.Normalmente, no contrato de matrícula é pedida a assinatura de testemunhas e a indicação de um responsável financeiro quando o calouro é menor de idade. A exigência de fiador é mais comum em programas de financiamento e crédito educativo, já que são processos a longo prazo e que requerem maior garantia.O Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH) solicita fiador, mas somente para Medicina. "É uma forma de defesa da instituição", explica a gerente de cobranças, Tatiane Angelotti. "Se pudéssemos pedir em todos os cursos seria ideal." O fiador, que tem de comparecer à matrícula, deve ter renda equivalente a três vezes o valor da mensalidade - que é de R$ 3.800 - ou possuir um imóvel no valor total de um semestre. Há também a possibilidade de somar a renda do fiador e do aluno para chegar à quantia ideal. "Quem não consegue fiador deve pagar seis meses à vista", diz Tatiane. Cerca de 90% dos fiadores são os pais dos alunos. Na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), instituição gaúcha, para se matricular em qualquer curso presencial o candidato deve ter fiador com renda de 30% e 40% da mensalidade.As instituições alegam que a estrutura é cara e que é difícil trabalhar com a inadimplência alta. "O investimento em um curso como Medicina é muito alto, com hospital universitário, ambulatório, essas coisas", explica Flávio Amaral, da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, que solicita dois fiadores na matrícula.O presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), Ulyssess Panisset, afirma que a prática é "uma novidade" no mercado. Segundo ele, a lei que fixa cobranças das mensalidades não veta a medida. "Se não tem lei que proíba, então é permitido."O diretor executivo do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), Rodrigo Capelato, também não condena a prática. "Se o aluno tiver problema de crédito, pedir um fiador não me parece abusivo."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.