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Família com botulismo segue internada no interior de SP

Por RENE MOREIRA
Atualização:

Uma família inteira segue internada em Santa Fé do Sul, no interior paulista, com botulismo. Pai, mãe e dois filhos chegaram no hospital no domingo apresentando sintomas da doença como vômito, diarreia, dificuldade de locomoção e visão embaçada. Em pouco tempo, o quadro deles se agravou e médicos tiveram certeza de se tratar de botulismo, cujo soro específico está disponível em poucos locais, sendo São Paulo o mais próximo. Foi montada então uma megaoperação por parte da Polícia Militar que, de helicóptero e depois de avião, conseguiu levar esse soro a tempo.O botulismo é uma intoxicação causada por uma bactéria, que pode estar presente em alimentos estragados ou mal conservados. As vítimas, Benedito José dos Santos, de 38 anos, Elisete Garcia, de 30 anos, e os filhos Juliana Bruna, de 12 anos, e Cristiano, de 9 anos, teriam comido mortadela pouco tempo antes de ficarem doentes. Amostra do alimento, comprado em um supermercado da cidade, foi encaminhada para análise no Instituto Adolfo Lutz, também na capital paulista.Um funcionário do hospital contou à reportagem que a família chegou muito mal, sobretudo, as crianças que não conseguiam falar e quase não enxergavam. Vale destacar que também são sintomas da doença visão dupla e embaçada. Conforme o estágio avança, o doente pode ter os músculos paralisados.Crianças pioresPouco tempo após a internação os médicos notaram que a doença estava atingindo o sistema nervoso, sintoma de botulismo. A família já estava na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e a doença evoluiu mais rapidamente nas crianças. O menino de 9 anos teve uma parada respiratória e passou a respirar com a ajuda de aparelhos. Sua irmã de 12 anos também foi colocada sob respiração artificial e, até esta segunda-feira, os dois seguiam nessas condições e em estado grave.O pai e a mãe também tiveram sua situação agravada, mas em menor escala. Nesta segunda-feira eles foram transferidos para o quarto, mas continuavam sem previsão de alta.OperaçãoSanta Fé do Sul fica a cerca de 620 quilômetros de São Paulo e a Polícia Militar montou uma megaoperação de emergência. Médico, enfermeiro e policiais foram de helicóptero buscar o soro no Instituto Pasteur, no centro da capital paulista, para embarcá-lo em um avião que decolou do Campo de Marte, na zona norte. Segundo o capitão Willian, do Grupamento Aéreo da PM, o Comando da Aeronáutica permitiu que a aeronave saísse da rota habitual, seguisse em linha reta de São Paulo até Santa Fé do Sul, concluindo o percurso em uma hora e quinze minutos.O trabalho deu resultado e pouco depois de o avião aterrissar os quatro pacientes foram medicados. O botulismo evolui rápido e pode matar em poucas horas. O fato de poucos locais contarem com esse soro se deve ao fato de se tratar de uma doença rara, sendo no período de dez anos (de 1999 a 2008) registrados somente 39 casos no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. O uso do soro visa eliminar a toxina circulante no corpo e a sua fonte de produção, ou seja, a bactéria Clostridium botulinum.

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