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Fifa cobra e governo entra no comitê organizador da Copa

Por PEDRO FONSECA
Atualização:

A pouco mais de dois anos do início da Copa do Mundo, o governo federal vai passar a integrar o Comitê Organizador Local (COL) da competição para tentar acelerar os preparativos do país para o Mundial, que mais uma vez foram alvo de cobranças da Fifa nesta terça-feira. Após reunião com quase seis horas de duração na sede da Fifa, em Zurique, autoridades da federação internacional, do governo e do COL anunciaram que o secretário-executivo do Ministério do Esporte, Luís Fernandes, fará parte do conselho de administração do comitê ao lado do presidente da entidade, José Maria Marin, dos ex-jogadores Ronaldo e Bebeto, e de Marco Polo Del Nero, integrante do comitê-executivo da Fifa que também foi incluído no COL nesta terça. A medida repete o que foi feito na organização da Copa do Mundo de 2010 na África do Sul, onde o governo local participou ativamente dos preparativos para o torneio, que foi considerado um sucesso de organização. No Brasil, até agora, o governo estava responsável pelas obras de infraestrutura, sem coordenação direta com o COL e a Fifa, que estavam encarregados da logística do Mundial. "O principal objetivo da reunião foi juntar pela primeira vez este grupo, em que temos o governo, a Fifa e o COL, e encarar de maneira aberta e transparente os desafios que temos pela frente", disse o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, em entrevista coletiva transmitida pelo site da entidade. Valcke reconheceu que foi um "erro" não ter incluído o governo no COL desde o início do processo de organização, mas disse que era "melhor resolver isso agora do que não resolver nunca". "Precisamos nos certificar de que, no pouco tempo que temos, encontraremos respostas imediatas para as questões que se apresentam. Este foi o principal acordo hoje. Trabalharemos juntos para isso, e essa é uma mensagem de comum acordo entre COL, governo e Fifa", acrescentou. Segundo o dirigente, a participação do governo no COL será importante para tentar resolver problemas como a mobilidade urbana nas cidades-sede, a capacidade dos aeroportos e o déficit de hotéis --as três principais preocupações da Fifa no momento para a realização do torneio. "A Copa do Mundo não pode ser organizada por alguém sozinho, e até agora era a Fifa e o comitê organizador. Agora o governo será incluído nesse comitê de organização e não vai ficar de lado", disse Valcke. "Temos que olhar para problemas de mobilidade, acomodação e outros problemas que precisam ser revolvidos para garantir que todas as pessoas possam viajar para ver os jogos, e isso é uma tarefa que precisa do apoio do governo", acrescentou. "JOGAR COMO UM TIME" Valcke anunciou ainda que o novo comitê organizador da Copa passará a ter reuniões a cada seis a oito semanas, no Brasil, para discutir o andamento dos preparativos. O próximo encontro será na última semana de junho. O ex-jogador Ronaldo, citando sua experiência nos campos, elogiou a entrada do governo no COL ao dizer que a decisão de "jogar juntos" foi a mais importante do encontro. "Tem uma coisa que eu acho que ficou de mais importante de todo esse dia longo, é uma experiência de ex-jogador de futebol... a decisão de realmente jogarmos juntos, jogar como um time, unidos", afirmou o ex-atacante, que integra o conselho do COL. "E com a experiência de ex-jogador, um time que não é unido dificilmente ganha." A reunião na Fifa, em que as autoridades brasileiras apresentaram um balanço dos preparativos do país, também serviu para marcar a paz definitiva entre o governo federal e a Fifa após o mal-estar causado por Valcke, em março, quando afirmou que o Brasil precisava de um "chute no traseiro" para acelerar a preparação para a competição. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que chegou a pedir o descredenciamento de Valcke como interlocutor da Fifa junto ao governo após o episódio, garantiu mais uma vez que o caso está encerrado. "Se houve lacunas elas foram preenchidas, se houve desvios de rota eles foram corrigidos, e agora nós olhamos daqui para frente", disse o ministro em entrevista coletiva ao lado dos dirigentes da Fifa e do COL. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, abriu sua declaração à imprensa também dando garantias de que "tudo foi resolvido, não há mais problemas". (Reportagem de Pedro Fonseca no Rio de Janeiro)

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