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FOCUS-Mercado vê mais inflação e menor PIB em 2012;aguarda mais dados

Por CAMILA MOREIRA E LUCIANA OTONI
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Após recorrentes sinais de aceleração dos preços, o mercado elevou pela sexta vez seguida a projeção para a inflação neste ano e reduziu a perspectiva para o crescimento da economia, mesmo diante de recentes sinais de recuperação da atividade. Analistas consultados pela Reuters avaliam, no entanto, que ainda é cedo para fazer grandes mudanças nas projeções. "Só haverá revisão nas projeções se formos surpreendidos com o dado do segundo trimestre", comentou o economista-sênior do Banco Espírito Santo (BES), Flávio Serrano, referindo-se à divulgação do resultado entre abril e junho do Produto Interno Bruto (PIB), no dia 31 de agosto. Pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda-feira mostrou que as estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano apontam para alta de 5,15 por cento em 2012, ante 5,11 por cento no período anterior. Para 2013, os especialistas mantiveram a projeção em 5,50 por cento. Com isso, o mercado vê a inflação se afastando ainda mais do centro da meta oficial, de 4,5 por cento, impulsionada pela contínua aceleração dos indicadores de inflação nas últimas semanas. Nesta segunda-feira, por exemplo, o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) acelerou para uma alta de 1,38 por cento na segunda prévia de agosto, ante elevação de 1,11 por cento no mesmo período de julho. O BC tem reiterado que, mesmo com essa maior pressão nos preços, a inflação caminha para a meta. CRESCIMENTO Os analistas consultados na pesquisa do BC ainda reduziram pela terceira vez a previsão de crescimento do PIB que, agora, é calculado em 1,75 por cento em 2012, ante 1,81 por cento na semana anterior. Para 2013, a estimativa foi mantida em 4 por cento. Isso se deu apesar de dados na semana passada apontando para uma recuperação da atividade no segundo trimestre. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), subiu 0,75 por cento no mês frente a maio, encerrando o segundo trimestre com alta de 0,38 por cento ante o primeiro. Já as vendas no varejo brasileiro surpreenderam ao registrar alta de 1,5 por cento em junho ante maio, muito acima da expectativa do mercado, de recuo de 0,3 por cento. Após esses dados, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a afirmar na sexta-feira que a recuperação da economia brasileira tinha se tornado cada vez mais nítida. FUTURO DA SELIC Em relação à política monetária, os analistas consultados no Focus mantiveram a visão para este ano. A perspectiva é de que a Selic, atualmente na mínima recorde de 8 por cento ao ano, termine 2012 a 7,25 por cento, visão inalterada ante a semana anterior. Para 2013, a projeção foi reduzida para 8,38 por cento, ante 8,50 por cento anteriormente. Os analistas mantiveram a expectativa de mais uma queda de 0,50 ponto percentual na Selic na reunião dos dias 28 e 29 de agosto do Comitê de Política Monetária (Copom), e de 0,25 ponto percentual em outubro. Entretanto, em um sinal de que os sinais de aquecimento da economia pode reduzir a extensão do afrouxamento da política monetária, o Top 5 --instituições de que acertam os dados na pesquisa do BC --elevou a perspectiva para a Selic neste ano para 7,25 por cento, ante 7 por cento na semana anterior. Para o estrategista-chefe do WestLB, Luciano Rostagno, o BC também aguardará os dados do PIB sobre o trimestre passado para verificar se será necessário alongar o atual ciclo. Ele ressaltou, no entanto, que essa é uma probabilidade pequena, que ocorreria se a atividade vier bem abaixo do esperado. A pesquisa Focus desta segunda-feira indicou também que o mercado manteve a previsão de que o dólar encerrará este ano em 2 reais.

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