Foragido, ex-cirurgião plástico diz que vai sair do País

Através de celulares de amigos, Hosmany Ramos diz que pretende mostrar que é mais "útil" fora da prisão

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Por Flavia Tavares e de O Estado de S. Paulo
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Foragido da Justiça desde sábado, depois de convocar uma entrevista coletiva para anunciar que não retornaria à prisão após o indulto para as festas de fim de ano, o ex-cirurgião plástico Hosmany Ramos deu ontem novas declarações por meio de celulares de amigos. Ele reafirmou que não voltará ao Presídio de Valparaíso e contou candidamente que está tentando sair do Brasil para retomar a carreira médica e dar continuidade à de escritor. "Uma organização internacional está me dando apoio para que eu vá para outro país e atenda crianças carentes", revela Ramos, "mas todos saberão os detalhes na hora certa. Se eu falar agora, posso estragar o plano". O ex-médico, que trabalhou com Ivo Pitanguy e era presença frequente nas colunas sociais, se recusou a voltar à cadeia e escreveu à mão um manifesto em que denunciava a superlotação, as péssimas condições sanitárias e a falta de atendimento médico aos presos. "O episódio é insólito", afirma o jurista Luiz Flávio Gomes. "Ele ofendeu e desafiou o Judiciário, que deve responder à altura." Apesar do desafio, nenhum esquema policial especial foi montado para recapturar Ramos. Para Gomes, a polícia estaria "esperando para ver até onde ele vai". E ele quer ir longe: com o nono livro a ser lançado pela Editora Geração, o foragido espera firmar sua carreira literária. E com o atendimento às crianças pobres em outro país, Ramos espera que as autoridades percebam que ele é mais "útil" fora da prisão. Acompanhe alguns trechos da entrevista de Ramos ao Estado: Carreira internacional "Apoiado por uma organização internacional, vou sair do Brasil. Eles vão me dar esse pequeno apoio e só. Não quero salário nem nada. Só um lugar para dormir, um prato de comida por dia e um pouco de dinheiro para comprar roupa. Vou aonde haja crianças que precisam de atendimento. Na hora certa, todo mundo vai saber. Vou fazer um trabalho honesto e as autoridades brasileiras vão pensar: ?Para que trazer ele de volta? Vamos deixar ele lá ajudando as crianças?." A salvação pela literatura "A polícia não veio atrás de mim porque ela está preocupada com bandido perigoso. Eles sabem que eu não sou bandido. Sou um médico, escritor. Tem muita gente dentro da polícia, inclusive, que me apoia nesse caso. Eu já fui bandido, mas hoje sou um indivíduo totalmente recuperado, graças à literatura. Defino meu estilo literário como próprio - é aquilo que eu vi, vivi e convivi. Misturo ficção com a minha autobiografia. Mas sempre pensando em agradar ao leitor." A voz da experiência "Decidi falar agora e não das outras vezes em que fugi porque a população carcerária mudou. Hoje, 90% dos presos são jovens de 18 a 29 anos. É incrível, eu olho para aqueles meninos como se fossem meus filhos. A juventude me motivou a fazer essa manifestação. Tenho essa obrigação como escritor, como alguém com alguma formação." A Justiça paulista ''Eu sou Hosmany e a Justiça de São Paulo me usou o tempo todo para mostrar ao resto do País que aqui rico vai para a cadeia. Vai nada. Olha o Daniel Dantas (que está solto). Eles acham que eu sou rico, mas não sou. Minha carreira literária tem me dado um dinheirinho e com esses novos livros devo ganhar um pouco mais. Mas aprendi a viver com pouco na prisão e não tenho nenhum interesse em ter conta em banco, dirigir automóveis. Não quero nem mais ver isso." var keywords = "";

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