O Brasil tem mais de 170 milhões de hectares de pastagem, metade degradada ou em processo de degradação, conforme levantamento da Embrapa. Com todo esse potencial, o Brasil não precisa derrubar nenhuma árvore para triplicar a produção de alimentos, afirmam especialistas. Basta adotar tecnologias já disponíveis para recuperá-las.
Com o objetivo de difundir tecnologias de diversificação para pecuária, será realizado, de 17 a 19 de agosto, em Goiânia (GO), o primeiro Fórum Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). "As pressões ambientais estão crescendo e o Brasil precisa aumentar a produção de alimentos, sem crescer em extensão", analisa o diretor do evento, Silmar Muller, que também é diretor da Probiz, que organiza o fórum em parceria com a Embrapa. A solução, defende Muller, é crescer verticalmente "e o País ainda produz muito mal desta forma".
Um dos empecilhos para a maior difusão de tecnologias integradas é a falta de recursos financeiros. "O produtor precisa investir, mas nem sempre tem dinheiro", diz Muller. Ele destaca, entretanto, que este ano o governo anunciou verba de R$ 1,5 bilhão para o Programa de Incentivo à Produção Sustentável do Agronegócio (Produsa), programa de investimento criado na safra passada justamente para estimular a recuperação de áreas degradadas. O programa também estimula a adoção de sistemas sustentáveis, como a integração lavoura, pecuária e floresta, como forma de reduzir a pressão por desmatamento em novas áreas.
De acordo com o agrônomo Luiz Carlos Balbino, pesquisador da Embrapa Transferência de Tecnologia, a integração lavoura-pecuária já tem sido bastante difundida no País. "Nos últimos três anos estamos trabalhando mais o componente florestal. Precisamos mostrar que o agronegócio no Brasil é sustentável", explica o pesquisador, coordenador nacional do Projeto de Transferência de Tecnologia para ILPF.
Conforme Balbino, há diversas propriedades rurais trabalhando no sistema de integração lavoura-pecuária. Mas com os três componentes (incluindo o florestal) ainda há poucas experiências. "É preciso investimento. Mas temos tecnologia para pôr toda essa área degradada dentro do sistema produtivo brasileiro."