Fotos do príncipe Harry se espalham pelo mundo, menos na Grã-Bretanha

PUBLICIDADE

Por MICHAEL HOLDEN
Atualização:

Quase 20 anos atrás, Sarah Ferguson, na época esposa do príncipe Andrew e duquesa de York, foi mostrada sem blusa na primeira página do Daily Mirror, com os dedos dos pés sendo beijados por um rico empresário dos EUA na piscina de uma vila francesa. Acelerando para os dias de hoje, fotos do príncipe Harry pelado com uma garota também nua apareceram em um site de fofocas dos EUA e posteriormente em todo o mundo, mas com uma exceção notável -- a Grã-Bretanha. Ainda se recuperando de uma investigação sobre a ética da imprensa, que revelou publicamente as façanhas obscuras dos outrora temidos tabloides britânicos, nenhum jornal se atreveu a perturbar as autoridades reais publicando as fotos "privadas" de Harry. Ex-editores e comentaristas da mídia disseram que a investigação profunda sobre as táticas desagradáveis dos jornais e os depoimentos daqueles que afirmaram que suas vidas tinham sido arruinadas pelos tabloides, no inquérito comandado pelo juiz Brian Leveson e sua equipe de advogados, acabaram neutralizando a imprensa britânica. Neil Wallis, ex-editor-adjunto do tabloide News of the World Sunday, de Rupert Murdoch, disse que ele teria publicado as fotos do terceiro homem na linha de sucessão ao trono britânico antes do inquérito, mas não agora. "O problema é que, nesta era pós-Leveson onde os jornais estão simplesmente com medo de sua própria sombra, eles não se atrevem a fazer as coisas que a maior parte do país, se visse no jornal, iria pensar ‘bem, isso é um tanto engraçado'", afirmou ele à BBC. Seu antigo tabloide, o mais vendido da Grã-Bretanha aos domingos e que prosperou com histórias de escândalos e fofocas sobre a realeza, foi fechado no ano passado por Murdoch em meio à ira do público de que seus jornalistas tinham rastreado as mensagens de voz de pessoas desde celebridades a vítimas de crimes. O furor estimulou o primeiro-ministro, David Cameron, a lançar o inquérito Leveson e muitos dos antigos funcionários do jornal agora enfrentam acusações criminais -- o próprio Wallis foi liberado sob fiança enquanto a polícia investiga o caso. Brian Cathcart, professor de jornalismo na Universidade de Kingston e um dos fundadores do grupo Hacked Off, que liderou a campanha por um inquérito judicial, disse ter ficado muito feliz que os jornais não tenham publicado as imagens. Ele acredita, no entanto, em um "efeito Dowler", referindo-se à estudante assassinada cujo telefone foi rastreado pelo News of the World, irritando o público. "O código de imprensa diz que é inaceitável tirar fotos de pessoas em lugares onde eles têm uma expectativa legítima de privacidade. E se é inaceitável fotografar alguém, então é inaceitável reproduzi-las." Ao contrário das fotos de Sarah Ferguson, tiradas secretamente à distância, as imagens do príncipe Harry foram capturadas em um celular por um dos convidados que ele próprio chamou até sua suíte de hotel em Las Vegas. A história se espalhou pelas páginas dos jornais britânicos, embora nenhuma tenha publicado as fotos inicialmente mostradas pelo site TMZ e agora amplamente disponíveis na Internet.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.