Fusão da ARACRUZ com VCP destrava após acordos

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Por ALBERTO ALERIGI JR.
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O processo de fusão da Aracruz, maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, com a Votorantim Celulose e Papel foi retomado nesta terça-feira. O acordo se deu após a Aracruz ter praticamente concluído as negociações para pagamento de uma dívida bilionária com bancos e a VCP ter alcançado acordo para comprar 28,03 por cento de participação na primeira. Após meses de negociação com um grupo de bancos credores de uma dívida de 2,13 bilhões de dólares --gerada por operações com derivativos cambiais que explodiram com a chegada da crise financeira internacional ao Brasil em meados de setembro--, a Aracruz informou que vai pagar o débito em até nove anos, amortizando parcelas iguais semestrais em 2009 e trimestrais a partir de 2010. O acordo atendeu "condições mínimas" propostas pela Aracruz, segundo informou a empresa. O custo será de Libor mais 3,5 por cento ao ano, com acréscimos semestrais que geram uma taxa ponderada de Libor mais 4,6 por cento ao ano. Enquanto isso, depois de ter suspendido em outubro o processo de fusão com a Aracruz, a VCP anunciou que concluiu negociação com as famílias Lorentzen, Moreira Salles e Almeida Braga para aquisição de 28,03 por cento da companhia. A VCP, que já detém participação de 28 por cento na Aracruz, vai pagar o mesmo preço anunciado na primeira vez que a operação foi tornada pública em agosto do ano passado, 2,71 bilhões de reais. O valor será quitado em seis parcelas, sem correção, dos quais 500 milhões de reais serão pagos na quarta-feira. A nova companhia terá capacidade de produção de 5,8 milhões de toneladas por ano, mais de um milhão de hectares de floresta e cerca de 15 mil funcionários, segundo comunicado da Votorantim. A operação prevê captura de sinergias das duas empresas de cerca de 4,5 bilhões de reais e a receita líquida anual será de 7 bilhões de reais. AUMENTO DE CAPITAL Para a operação, a VCP vai fazer um aumento de capital de até 4,254 bilhões de reais, com emissão de até 223.947.368 de ações, das quais 62.105.263 ordinárias e 161.789.474 preferenciais ao preço de 19 reais. Às 12h48, as ações da VCP tinham queda de 1,36 por cento, para 15,94 reais, enquanto os papéis da Aracruz desabavam 10 por cento, para 2,39 reais. No mesmo horário, o Ibovespa cedia 0,89 por cento. O valor do aumento de capital corresponde ao preço médio dos papéis da VCP entre 2 de dezembro e 16 de janeiro, acrescido de prêmio de 11,78 por cento. No ano passado, a Arainvest, a outra grande acionista da Aracruz --com 28 por cento de participação-- e que reúne a fatia dos Safra na empresa, havia decidido desistir de direito de venda conjunta, optando por uma parceria com a Votorantim na administração da Aracruz. Segundo o comunicado, a Arainvest tem até quarta-feira para dizer se mantém sua posição anterior ou se opta por exercer direito de preferência na compra das ações ordinárias da Aracruz em poder das famílias ou de venda conjunta de sua parcela. Esse prazo pode ser prorrogado por até 60 dias. Caso a Arainvest mude de idéia e decida vender sua parte, o aumento de capital da VCP será feito integralmente. Se os Safra não se manifestarem, o aumento de capital corresponderá à apenas ao valor da compra da participação das famílias Lorentzen, Moreira Salles e Almeida Braga. O aumento de capital da VCP será feito com apoio de 1,18 bilhão de reais de sua controladora, a Votorantim Industrial (VID), e também com 828,2 milhões de reais do braço de participações do BNDES, que é acionista da VCP e da Aracruz. Ao final da operação, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social vai dividir por três anos com a VID o controle da VCP. (Edição de Renato Andrade)

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