Gabrielli descarta novo adiamento em capitalização

PUBLICIDADE

Por Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

O presidente executivo da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse nesta segunda-feira que não trabalha com a possibilidade de adiar novamente a operação de aumento de capital da companhia e que o mercado tem sempre liquidez para bons projetos. Prevista para setembro, a operação é aguardada como a maior do mercado de capitais global e pode atingir entre 60 e 100 bilhões de dólares, segundo analistas. "Não trabalhamos com essa hipótese", disse ao ser questionado se poderia haver um novo adiamento do aumento de capital inicialmente previsto para julho. Alguns relatos na mídia durante o final de semana abordaram a possibilidade de um novo adiamento. O jornal Folha de S.Paulo informou, por exemplo, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia postergar a operação para depois das eleições de outubro. Segundo Gabrielli a capitalização será feita em setembro e não existe qualquer sinal do mercado que comprometa esse cronograma. "O mercado não aponta para nenhum grande problema para a realização da capitalização, não vejo nenhum problema...o mercado tem liquidez para projetos bons", afirmou sobre os mais de 700 projetos da companhia para os próximos anos. Segundo Gabrielli, a Petrobras não enfrenta problemas de financiamento para 2010, quando serão investidos 88 bilhões de reais --38,2 bilhões de reais foram no 1o semestre-- e os recursos advindos do aumento de capital seriam utilizados apenas nos próximos exercícios. "A capitalzação não é problema de curto prazo, é necessária para equilibrar a relação dívida/capital próprio, estamos com 34 por cento hoje...o problema não é captar dinheiro para atender necessidade de caixa pra o curto prazo, é melhorar a estrutrura de capital da empresa para que ela possa aumentar a sua dívida", explicou. INDÚSTRIA NACIONAL Gabrielli participou nesta manhã do lançamento da proposta de uma nova agenda de competitividade para a indústria petrolífera do Estado do Rio de Janeiro. "A indústria está se capacitanto, estamos saindo do primeiro elo da cadeia (produtiva do setor de petróleo) e estamos indo para o segundo elo, terceiro elo", disse Gabrielli durante discurso, quando ressaltou a necessidade de uma programação para no futuro não faltar parafusos ou tinta, por exemplo. O estudo, encomendado à Booz & Company pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) aponta para investimentos de 400 bilhões de dólares pelo setor nos próximos 10 anos, que poderão duplicar ou mesmo multiplicar por cinco vezes o número de empregos desse segmento. "O estudo não se limitou ao diagnóstico e mostra soluções", elogiou Gabrielli ao comentar o trabalho. Ele lembrou que nesse setor o crescimento é dirigido pela demanda e que é preciso mobilizar todos os elos da cadeia, já que nem sempre quem está na ponta tem noção exata do que pode acontecer mais à frente. "Nossa principal entrada no setor é via equipamentos, mas estamos fazendo um esforço proativo nos Estados, junto às Federações de empresários para identificar potenciais gargalos", afirmou Gabrielli destacando que a Petrobras tem mais de 600 termos de cooperação tecnológica com empresas brasileiras. Ele também destacou que esses esforços visam o médio e longo prazo, quando os projetos para as áreas do pré-sal estarão mais aquecidos, e que por enquanto o conteúdo nacional exigido por lei está sendo cumprido com folga. "A indústria tem atendido mais do que a nossa exigência de conteúdo nacional, nós estamos obtendo mais do que pedimos, (a indústria) tem respondido mais rápido do que foi solicitado", frisou. "Mas, olhando para o futuro, como nós temos um plano de atendimento muito acelerado, digamos que a grande potencial restrição que pode existir é a velocidade de crescimento da capacidade da indústria para atender a demanda, tem que planejar no longo prazo, e nós sabemos o que vamos precisar daqui a quatro anos", explicou. Gabrielli lembrou ainda que não é apenas o desenvolvimento dos blocos do pré-sal que pode fazer crescer a indústria nacional, reforçando que de 2010 a 2014 serão investidos 75 bilhões de dólares no pós-sal contra 33 bilhões de dólares do pré-sal no mesmo período. Ele destacou a construção de refinarias também como motivo para o crescimento da indústria nacional. "São 200 milhões de dólares por mês para refino, isso era por ano até 2004, isso abre para além do offshore e complementa uma demanda adicional que não pode ser desprezada", disse, destacando investimentos em biocombustíveis e gás e energia.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.