Garota indígena de nove anos vai ser mãe

A garota, grávida de uma menina, está internada há três meses porque estava com malária, anemia, pneumonia a por tratar-se de gravidez considerada de altíssimo de risco

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Por Agencia Estado
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Uma garota indígena da etnia apurinã, de 9 anos, deve dar à luz na próxima sexta-feira em uma maternidade em Manaus. A garota, grávida de uma menina, está internada há três meses porque estava com malária, anemia, pneumonia a por tratar-se de gravidez considerada de altíssimo de risco pela idade da paciente. Segundo a diretora clínica da maternidade, Christiane Rodrigues Marie, a cesariana será realizada porque a garota completará 37 semanas de gestação. "A mãe é muito pequena, magra, embora esteja saudável, sem as doenças com as quais foi internada. Mas o corpo dela não agüenta mais o peso da barriga e o bebê já está pronto para nascer", disse a médica, afirmando considerar um "milagre" o fato de a garota ter conseguido levar à frente a gravidez de altíssimo risco. A menina, órfã, mora com a irmã e o cunhado na comunidade Jaturana, no município de Manacapuru, a 120 quilômetros de Manaus. Ao ser internada, em abril deste ano, acreditava-se que ela seria deficiente auditiva. "Ela tinha um tampão de cera no ouvido, o que foi descoberto em uma audiometria. Agora ela ouve e fala relativamente bem", disse Christiane. Em abril, quando a gravidez foi descoberta, ela estava com aproximadamente cinco meses de gestação. Por tratar-se de uma indígena e menor de idade, o Ministério Público e a Polícia Federal (PF) começaram a fazer investigações. Há suspeitas que a garota possa ter sido estuprada. De acordo com a assessoria da PF, várias pessoas da comunidade já foram entrevistadas e o inquérito está em andamento. Ainda segundo a assessoria, depois do parto a polícia deverá colher o DNA da criança para investigar o parentesco com suspeitos. O procurador que trata do caso no Ministério Público Federal está em férias. Segundo o superintendente regional da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) Francisco Ayres, a etnia tem como natural que garotas possam se casar e ter filhos se já menstruam, independentemente da idade. Mas, neste caso, o pai não se revelou. Ayres relatou que quem descobriu a gravidez e encaminhou a garota à Funasa e ao hospital foram membros de um grupo de trabalho da Petrobras que trabalham em comunidades ao longo da obra do gasoduto Coari-Manaus.

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