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Gás pode voltar a iluminar as ruas

Sistema automático e inteligente de iluminação e aquecimento a gás foi patenteado por empresa incubada no Cietec/USP e está pronto para a produção em escala industrial. Pode ser alimentado por qualquer tipo de gás e independe de energia elétrica, servindo, em especial, para iluminação de localidades isoladas, estufas, aviários e áreas rurais, além de logradouros públicos. Dentro de um mês, protótipos iluminarão uma praça de 10 mil m2, em Curitiba, numa parceria com o Ministério das Minas e Energia.

Por Agencia Estado
Atualização:

Já patenteado como invenção, um novo sistema automático e inteligente de iluminação e aquecimento a gás está pronto para a produção em escala. Desenvolvido pela empresa CBTAG, incubada no CIETEC/USP (Centro Incubador de Empresas Tecnológicas da Universidade de São Paulo), o sistema admite o uso de qualquer tipo de gás - natural, GLP ou biogás - e tem três dispositivos de segurança contra vazamentos, além de acionamento automático, por sensor de presença, temporizador ou foto célula. Serve para a iluminação de ruas, residências, comércio ou instalações agrícolas e independe de qualquer fonte elétrica, sendo recomendado, portanto, especialmente para localidades isoladas, ainda dependentes de termoelétricas a diesel ou geradores. "É uma energia limpa e segura, que tanto pode iluminar um poste ou uma cidade inteira, embora inicialmente estejamos enfatizando o uso nas ruas, devido à falta de costume do brasileiro, de usar iluminação a gás dentro de casa", diz José Fernandes, responsável pela pesquisa e pela CBTAG. Tecnólogo, Fernandes trabalhava com a requalificação de botijões de gás antes de iniciar o projeto, que conta com o apoio da USP, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), além da parceria de 12 empresas fornecedoras, que concordaram em fabricar o material não convencional, utilizado nos protótipos do dispositivo. A pesquisa foi financiada com recursos próprios e já tem plano de negócios pronto, à procura de investidores para produção industrial. "Utilizamos o princípio do lampião de gás, mas com um sistema inteligente de segurança contra vazamentos, que inclui uma válvula solenóide (de controle); um sensor ótico, capaz de detectar o "cheiro" do gás, e uma válvula de pressão, do tipo ´shut-off´, que fecham a saída de gás se não houver chama ou a temperatura exceder 90oC", explica o inventor. O dispositivo consome 25 gramas de gás por hora e gera luz com potência entre 40 e 150 Watt. "Agora estamos investindo na substituição do sistema de camisinha de lampião por uma lâmpada a gás, propriamente dita. Já fizemos testes com materiais cerâmicos e metálicos, mas ainda não temos resultados definitivos". O dispositivo inteligente de iluminação e aquecimento a gás vem sendo desenvolvida há 18 meses e já despertou o interesse do Ministério das Minas e Energia (MME), das principais companhias de distribuição de gás, de grandes indústrias alimentícias e até de uma companhia de eletricidade norte americana, que há um mês levou protótipos para testes nos Estados Unidos. Até o final de fevereiro, a empresa deverá iluminar uma praça de 10 mil m2, em Curitiba, também com protótipos, numa parceria com o MME. E pesquisadores da Faculdade de Engenharia Agrícola (FEA) da USP, realizam um estudo de viabilidade do sistema para a iluminação e aquecimento de aviários. "No caso dos aviários, assim como estufas e vários outros confinamentos - de gado bovino, porcos, etc - já existe a cultura de uso do gás para aquecimento, de modo que bastaria uma pequena adaptação e eles teriam também a iluminação, com redução de cerca de 25% nos custos", acrescenta Fernandes. Existe até a possibilidade de produção do gás nas próprias granjas, com biodigestores alimentados pelos dejetos dos animais. "Pode ser usado também o gás de aterros sanitários ou de indústrias, que passaria a iluminar as cidades, por exemplo, ao invés de ser simplesmente queimado em combustão incompleta, com emissão de carbono".

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