General da ditadura vai a julgamento na Argentina

Luciano Benjamín Menéndez é acusado de seqüestro, tortura e assassinato.

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Por Da BBC Brasil
Atualização:

Começou nesta terça-feira, em um tribunal da província argentina de Córdoba, o julgamento do general de reserva Luciano Benjamín Menéndez, de 80 anos. O militar é considerado por ativistas de direitos humanos como o exemplo máximo do terror e da repressão dos governos militares argentinos das décadas de 70 e 80. Menéndez e outros sete ex-oficiais militares são acusados de seqüestrar, torturar e assassinar quatro militantes de esquerda: Humberto Brandalisis, Ilda Palacios, Carlos Lajas e Raúl Cardozo. Segundo a acusação, as vítimas teriam sido levadas ao centro de detenção clandestino "La Perla", onde foram mantidas em condições desumanas e sofreram torturas físicas e psicológicas. De acordo com a acusação, os quatro foram executados em 1977, e seus cadáveres abandonados na rua, para fazer parecer que tivessem morrido em uma troca de tiros com as autoridades. Entre 1975 e 1979, Menéndez comandou o 3º Corpo do Exército, unidade responsável pelo centro de detenção "La Perla". O correspondente da BBC em Buenos Aires Daniel Schweimler afirma que o julgamento de Menéndez é o primeiro por violações de direitos humanos realizado em Córdoba. Segundo Schweimler, familiares e amigos das vítimas se instalaram dentro e fora do tribunal para acompanhar o julgamento. As leis de anistia introduzidas pelos governos civis que se seguiram ao regime militar argentino fizeram com que muitos responsáveis por seqüestros, torturas e assassinatos durante a chamada "Guerra Suja" na Argentina conseguissem evitar processos pelos crimes. No entanto, há três anos essas leis foram consideradas inconstitucionais, e os julgamentos foram retomados. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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